Governadores rebateram, por meio das redes sociais, a
decisão do presidente Jair Bolsonaro de cancelar o acordo firmado pelo
Ministério da Saúde para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, a vacina
contra covid-19 desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac Biotech em
parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo.
O acordo para a compra foi firmado pelo ministro da Saúde,
Eduardo Pazuello, em reunião com os governadores nessa 3ª feira (20.out.2020).
Bolsonaro, no entanto, vetou a medida nesta 4ª feira (21.out.2020).
O Poder360 apurou que Bolsonaro enviou mensagens a ministros
com o seguinte teor: “Alerto que não compraremos vacina da China. Bem como meu
governo não mantém diálogo com João Doria sobre covid-19“. O presidente e o
governador de São Paulo, João Doria (PSDB), são desafetos políticos.
Apesar de o Ministério da Saúde anunciar a compra, por meio
de nota (eis a íntegra – 84 KB), o secretário-executivo do Ministério da Saúde,
Élcio Franco, afirmou que “não há intenção de compra de vacinas chinesas”,
reiterando decisão do presidente Jair Bolsonaro de barrar a aquisição da
CoronaVac.
No entanto, ofício (íntegra – 208 KB) encaminhado pela pasta
ao Instituto Butantan na 2ª feira (19.out.2020) confirma a intenção do governo
federal. O ministro Pazuello limitou a compra somente à aprovação da vacina
pela Anvisa. Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Após a crise em torno da vacina, alguns dos governadores das
27 unidades da Federação se manifestaram sobre o caso nas redes sociais. Ainda
não foi manifestada nenhuma medida do grupo que possa vir a ser adotada contra
a decisão de Bolsonaro. Os gestores estaduais devem se reunir, por meio de
videoconferência, na 6ª feira (23.out.2020).
No Congresso, no entanto, partidos se movimentam para irem à
Justiça. O PC do B deve protocolar uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal).
Alega que o presidente “descumpre direitos fundamentais previstos na
Constituição quando faz declarações desautorizando o seu ministro da Saúde e
afirmando que não vai permitir a compra de doses da vacina CoronaVac”.
Mais cedo, o PDT entrou com ação no Supremo pedindo a
autonomia para os governos estaduais decidirem a obrigatoriedade da vacinação
contra a covid-19.
Eis abaixo as manifestações do governadores:
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), comentou sobre
a credibilidade do Instituto Butatan na produção de vacinas. Disse que o
imunizante contra a covid-19 é o mais “seguro e avançado”. O tucano criticou a
decisão de Bolsonaro, que, para ele, foi dada por questões “ideológicas”.
“Inaceitável tratar esse tema com ideologia. A hora é de
paz, de união para salvar vidas. E não de eleição”, disse.
“Peço ao presidente Jair Bolsonaro que tenha grandeza. E
lidere o Brasil para a saúde, a vida e a retomada de empregos. A nossa guerra
não é eleitoral. É contra a pandemia. Não podemos ficar uns contra os outros.
Vamos trabalhar unidos para vencer o vírus. E salvar os brasileiros”, declarou.
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), defendeu a
adoção de critérios técnicos pelo governo federal para adoção de medidas
relacionadas à vacina. “Não se pode jamais colocar posições ideológicas acima
da preservação de vidas. Lutaremos para que uma vacina segura e eficaz chegue o
mais rápido possível para todos os brasileiros”, disse.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB),
afirmou que a prioridade hoje deve ser a aquisição de vacinas contra a covid-19
que estiverem à disposição primeiro. “Não há espaço para discussão sobre
assuntos eleitorais ou ideológicos”, disse.
Para o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite
(PSDB), a inclusão de uma vacina no Programa Nacional de Imunizações deve ser
técnica, e não política.
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT),
disse que a medida é 1 “retrocesso”.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), pediu
respeito à história do Instituto Butantan. Em crítica à decisão do presidente,
questionou: “Qual a autoridade de Bolsonaro para tentar desmoralizar uma
instituição e seus cientistas?”.
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), criticou a
decisão de Bolsonaro e afirmou que “a
influência de qualquer ideologia em temas fundamentais, como a saúde, só
prejudica a população”.
“Defendemos que todas as vacinas consideradas seguras,
avalizadas pelas autoridades, sejam disponibilizadas ao povo brasileiro. É
preciso dar este passo na superação da covid-19”, disse.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), defendeu a decisão do
ministro Eduardo Pazuello pela compra das vacinas. “Estamos em guerra contra
covid, q já matou mais de 150 mil no Brasil. O presidente não pode
desmoralizá-lo e desautorizá-lo nesta luta.Minha total solidariedade ao
ministro”, disse.
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), defendeu que “a
saúde do povo deve vir em 1º lugar” – Poder 360.
Carlos Magno
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