O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira
duvidar que a Justiça determine vacinação obrigatória contra Covid-19 no país,
ao criticar o que afirmou ser articulação feita por um governador para
apresentar ação no Supremo Tribunal Federal (STF) que force a imunização.
Em aparente referência ao governador de São Paulo e seu
rival político, João Doria, Bolsonaro disse que um governador "que está
buscando maioria no cenário estadual" quer ingressar no Supremo para que
cada Estado determine se a vacina vai ser obrigatória.
"São Paulo, não temos dúvida que, se isso acontecer,
será obrigatória. Se o Supremo vai decidir desta maneira, tenho minhas
dúvidas", disse Bolsonaro em transmissão semanal ao vivo nas redes
sociais.
"Enquanto eu for presidente da República não vai ser
desta forma, isso é democracia, é liberdade, ninguém vai obrigar ninguém a
tomar vacina", acrescentou.
Bolsonaro aproveitou para fazer duras críticas a gestores
públicos no enfrentamento à Covid-19.
"O que serviu muito essa pandemia foi para revelar os
aprendizes de ditadores, figuras nanicas, hipócritas, idiotas, boçais, achando
que manda no Estado dele... Eu duvido que a Justiça --não interessa a esfera
que seja-- vá obrigar alguém a tomar a vacina um dia, isso não existe, isso não
existe. Brasileiro tem liberdade e ponto final", afirmou.
Na quarta-feira, os partidos Rede e PDT ingressaram com
ações separadas no STF referentes à vacinação. A ação da Rede pede a concessão
de liminar para obrigar o governo federal a assinar protocolo de intenções para
comprar 46 milhões de doses da vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa
Sinovac, que está sendo produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, enquanto o
PDT recorreu ao Supremo para garantir a competência de Estados e municípios de
promover a vacinação obrigatória contra Covid-19.
Na transmissão, Bolsonaro disse que uma vacina para ser apta
para a população precisa ser certificada pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), e ressalvou que o órgão regulador não vai apressar qualquer
decisão.
Segundo ele, o diretor-presidente da agência, Antonio Barra,
assegurou-lhe que não haverá pressa na liberação de qualquer imunizante contra
Covid-19. "Ele não vai correr, não vai ser em 72 horas --que ele me disse-
que vai autorizar a distribuição no Brasil", afirmou, ressalvando que a
Anvisa não é subordinada a ele – Reuters.
Carlos Magno
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