O Reino Unido está prestes a se tornar o primeiro país
ocidental a aprovar uma vacina para a covid-19 e iniciar a imunização. De
acordo com o jornal Financial Times, o imunizante desenvolvido pela empresa de
biotecnologia alemã BioNTech em parceria com a farmacêutica Pfizer deve receber
a aprovação da agência regulatória do país nos próximos dias. O governo
britânico afirmou que a distribuição da vacina deve começar horas após a sua
liberação e as primeiras injeções podem ocorrer já no dia 7 de dezembro.
O Reino Unido encomendou 40 milhões de doses do produto – no
caso, serão necessárias duas aplicações para garantir a imunização de cada
participante. Na segunda-feira (23), a BioNTech e a Pfizer anunciaram que a sua
vacina para o coronavírus apresentou mais de 95% de eficácia na prevenção da
doença entre os voluntários.
De acodo com o jornal The Guardian, os hospitais públicos do
Reino Unido devem ter as equipas preparadas para começar a receber as primeiras
doses entre os dias 7 e 9. O produto da Pfizer deverá ir para os profissionais
do serviço nacional de saúde (National Health Service, NHS), que serão também
os primeiros a ser vacinados.
Embora inicialmente o governo de Boris Johnson tivesse
apontado que seriam os cidadãos com mais de 80 anos e os residentes em lares de
idosos que teriam prioridade na vacinação, as características do imunizante a
ser adotado já levaram a uma mudança de planos. “Disseram-nos para estarmos à
espera da vacina e para nos planejarmos imunizar a nossa equipe durante essa
semana”, escreve o jornal britânico, citando uma fonte hospitalar. “É a vacina
da Pfizer que vamos receber e, portanto, não pode ser transportada novamente
depois de nos ser entregue e teremos de usá-la no espaço de cinco dias, que é a
validade.”
Chegada a vacina aos hospitais, serão os profissionais de
saúde os primeiros a ser vacinados, embora, numa primeira fase da discussão, o
Governo de Boris Johnson tivesse apontado que seriam os cidadãos com mais de 80
anos e os residentes em lares de idosos a ter prioridade na vacinação. A
escolha prendia-se com o facto de serem aqueles que correm maior risco de
morrer na sequência da doença.
Neste momento, são a segunda prioridade e a mudança de
regras teve a ver com as condicionantes do transporte da vacina desenvolvida
pela Pfizer em parceria com a BioNTech. O fármaco só pode ser transportado um
número limitado de vezes, já que se for movida mais do que quatro vezes pode
tornar-se instável e ineficaz, escreve o jornal britânico.
Aprovação
As vacinas seriam normalmente autorizadas pela Agência
Europeia de Medicamentos até o final da transição Brexit, em 31 de dezembro. No
entanto, a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino
Unido tem o poder de autorizar temporariamente os produtos, em casos de
necessidade pública urgente.
O mesmo processo poderia ser aplicado à vacina desenvolvida
pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford. Na sexta-feira (27), o governo
britânico escreveu ao regulador, pedindo que revisse a vacina
AstraZeneca-Oxford.
A Rússia aprovou a sua vacina contra o coronavírus em
agosto, mas isso não foi baseado em dados de testes em grande escala. No iníco
do mês, um representante do Ministério da Saúde do país que a vacina Sputnik V,
como é chamado o imunizante russo, tem 90% de eficácia.
A BioNTech e a Pfizer enviaram no início deste mês dados do
estudo de fase 3 em grande escala, que envolveu mais de 43.000 pessoas, ao US
Food and Drug Administration (FDA), a agência que regula medicamentos e
alimentos nos Estados Unidos. Uma aprovação emergencial dos EUA pode ocorrer
entre 8 e 10 de dezembro, com os embarques em todo o país a partir de 24 horas
após o anúncio, de acordo com relatos da mídia americana. Em discurso às Forças
Armadas no feriado de Ação de Graças, o presidente americano Donaldo Trump
também afirmou que aplicação da vacina em grupos prioritários será iniciada em
até duas semanas. Mas não deu detalhes.
No Brasil, a farmacêutica Pfizer informou na ultima
quarta-feira, 25, que deu início ao processo de submissão para registro da sua
vacina contra a covid-19 junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Apesar de o registro ter sido iniciado junto à Anvisa, ainda não está claro
quando o Brasil poderia ter acesso à vacina – Estadão.
Carlos Magno
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