Em audiência pública no Congresso Nacional nesta
quarta-feira, 2, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, chamou de
"pífias" as propostas apresentadas por desenvolvedoras de vacinas ao
Brasil, mas sugeriu que pode comprar o modelo da Pfizer por meio do consórcio
Covax Facility. A farmacêutica ainda negocia a entrada na iniciativa
internacional liderada pela Organização Mundial da Saúde. O Brasil espera
comprar imunizante para 10% da população pela Covax.
"O Brasil aderiu a esse consórcio desde o desenvolvimento
das vacinas, já com opção de compra, (com) recebimento de 42 milhões de doses,
que poderá ser de uma das dez fabricantes (que participam do Covax). Inclusive
a própria AstraZeneca ou a Pfizer, por exemplo, estão no consórcio", disse
o ministro.
"Ficou muito óbvio que são muito poucas as fabricantes
que têm a quantidade e cronograma de entrega efetivo para nosso país. Quando a
gente chega no fim das negociações e vai para cronograma de entrega,
fabricação, os números são pífios. (Considerando) números em grande quantidade,
se reduz a uma, duas, três ideias", disse Pazuello.
Sem citar uma farmacêutica, o ministro também disse que há
"campanha publicitária muito forte" para venda de vacina, mas que as
propostas não têm agradado. "Na hora que vai efetivar a compra, vai
escolher, não tem bem aquilo que tu quer, o preço não é bem aquele, e a
qualidade não é aquela", disse.
Pazuello afirmou que o Brasil pode ter 300 milhões de doses
em 2021, sendo cerca de 100 milhões entregues pela AstraZeneca até o fim do
primeiro semestre, além de outras 160 milhões de unidades, do mesmo modelo, que
serão fabricadas pela Fiocruz. Além disso, outras 40 milhões seriam compradas
da Covax Facility.
O Reino Unido foi o primeiro país a autorizar, nesta
quarta-feira, 2, o uso da vacina da Pfizer, desenvolvida em parceria com a
BioNTech. A expectativa é que, nas próximas semanas, 800 mil doses estarão
disponíveis para a população.
A expectativa da Saúde é de que as vacinas para a covid-19
sejam aplicadas em duas doses. Na fala ao Congresso, o ministério Pazuello
ignorou que o governo de São Paulo, comandado por João Doria (PSDB), tem
parceria para compra e produção da Coronavac, vacina que está sendo
desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e o Instituto Butantã.
Por divergências com Doria, Bolsonaro mandou o ministério
recuar, em outubro, da promessa de compra deste imunizante. Segundo apurou o
Estadão, Pazuello quer evitar novo "fato político" sobre a Coronavac
e, por isso, está postergando discussões sobre a aquisição desta vacina.
Durante a audiência, secretários de Pazuello negaram que a
Saúde tenha excluído a possibilidade de compra de alguma vacina. O
secretário-executivo, Elcio Franco, disse que os imunizantes mais promissores
são aqueles que estão na etapa final de pesquisa, a "fase 3". Ele
também afirmou que a logística de entrega só será traçada após definição de
qual vacina será comprada.
Secretário de Ciência e Tecnologia da Saúde, Hélio Angotti
Neto, disse que, mesmo no Reino Unido, o plano nacional de vacinação ainda não
está definido. "Ainda vai passar pelo PNI (Programa Nacional de
Imunizações) deles e não é obrigatória. Estamos acompanhando essa vacina e
várias outras. Não há nenhuma exclusão. Todas as vacinas são avaliadas e
acompanhadas há meses", disse o secretário.
Vacinação no Brasil
Idosos com 75 anos ou mais, profissionais de saúde e
indígenas serão os primeiros a ser vacinados contra a covid-19 no País, segundo
cronograma apresentado na terça-feira, 1º, pelo Ministério da Saúde, em reunião
com um comitê de especialistas. No encontro, a pasta informou ainda que a
perspectiva é começar a vacinação contra a doença em março de 2021 e finalizar
a campanha somente em dezembro, quando há previsão de oferta de doses
suficientes para imunizar a população-alvo. Não há previsão de vacinar toda a
população no ano que vem, de acordo com a apresentação feita pelo ministério –
estadão.
Carlos Magno
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