3 meses após homicídio de João Alberto em Carrefour de Porto
Alegre, as chagas do crime violento que escancarou o racismo na sociedade
brasileira ainda não foram curadas. Além da falta de celeridade para tratar do
caso na justiça, a esposa da vítima, Milena Borges, 41, está sofrendo com
depressão severa.
No dia 20 de novembro de 2020, os seguranças Giovani Gaspar
da Silva, de 24 anos, e Magno Braz Borges, de 30 anos, espancaram João Alberto
de Souza, que faleceu na própria loja. O caso teve repercussão de nível
nacional por demonstrar como o racismo opera no nosso país.
Em entrevista ao G1 RS, Milena relatou que sofre e toma
remédios após o crime. “Eu tinha uma rotina normal e, agora, é diferente,
porque não consigo sair, trabalhar. Tomo medicação, coisa que não tomava. À
noite, para mim, é complicado”, diz Milena. Ela acompanhava João no
supermercado e, enquanto ele implorava por sua ajuda, ela foi impedida de
prestar socorro e apartar os seguranças.
O advogado da viúva, Carlos Alberto Barata Silva Neto,
afirma que ela tem problemas de saúde mental depois do evento. “A Milena está
em depressão severa, segundo a psiquiatra. Não sai de casa. Quando sai, sai com
alguém, porque tem medo de sair. Qual caso que houve morte por sufocamento na
frente da esposa, dentro de um hipermercado de uma multinacional, gritando pelo
nome da esposa e pessoas agarrando ela e não deixando ajudar? A gente tenta
explicar que é um caso sui generis, uma exceção”, afirma.
Ainda não houve acordo entre o Carrefour e a família de Beto
por uma reparação financeira da morte.
Caso segue sem
resolução
Há 6 indiciados por homicídio triplamente qualificado: além
dos seguranças, a chefe de fiscalização do supermercado à época, Adriana Alves
Dutra, também está sendo acusada no processo. Segundo a denúncia feita pela
Polícia Civil, ela ordenou a ação truculenta contra o homem negro e foi
conivente com a atitude dos funcionários do mercado. Também estão indiciados
Rafael Rezende e Kleiton Silva Santos, funcionários do Carrefour, e Paulo
Francisco da Silva, da empresa de segurança terceirizada Vector, que prestava
serviços ao hipermercado.
Segundo a juíza da 2ª Vara do Juri, Cristiane Busatto Zardo,
o caso ainda está em fase de citação. Depois de apresentada a acusação, as
defesas devem apresentar respostas à acusação. Então, serão marcadas as
audiências que darão andamento ao processo na primeira instância – Hypeness.
Carlos Magno
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