O governo do presidente Jair Bolsonaro foi denunciado nesta
segunda-feira no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas
(ONU) em Genebra pela gestão que faz da pandemia de Covid-19, doença que já
matou mais de 278 mil pessoas no Brasil, maior número do mundo atrás apenas dos
Estados Unidos.
A denúncia foi feita pelas organizações não-governamentais
de defesa dos direitos humanos Comissão Arns e Conectas Direitos Humanos, que
apontaram que o governo Bolsonaro levou o país a uma "devastadora tragédia
humanitária".
"Viemos aqui hoje para criticar as atitudes recorrentes
do presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia", disseram as entidades ao
conselho.
"Ele desdenha das recomendações dos cientistas; ele
tem, repetidamente, semeado descrédito em todas as medidas de proteção - como o
uso de máscaras e distanciamento social; promoveu o uso de drogas ineficazes;
paralisou a capacidade de coordenação da autoridade federal de Saúde; descartou
a importância das vacinas; riu dos temores e lágrimas das famílias e disse aos
brasileiros para parar 'de frescura e mimimi'."
Por várias vezes Bolsonaro minimizou a pandemia de Covid-19,
afirmando que ela estava sendo superdimensionada e classificando a doença de
"gripezinha".
Ele também ataca constantemente as medidas de distanciamento
social e restrições adotadas por governadores e prefeitos, além de raramente
usar máscaras e de frequentemente promover aglomerações, desrespeitando assim
recomendações de entidades internacionais, como a Organização Mundial da Saúde
(OMS), para conter a disseminação do vírus.
O presidente também já criticou vacinas e chegou a comemorar
como uma vitória pessoal a breve interrupção, determinada pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa), dos testes no Brasil da CoronaVac, vacina
contra Covid-19 do laboratório chinês Sinovac que foi testada no Brasil pelo
Instituto Butantan, vinculado ao governo do Estado de São Paulo.
Bolsonaro chegou a afirmar que seu governo não compraria a
CoronaVac e que ela não inspirava confiança por causa de sua origem chinesa.
Atualmente, no entanto, a vacina da Sinovac responde pela esmagadora maioria
das doses disponíveis na campanha nacional de vacinação contra a Covid-19.
Ele também defende medicamentos sem comprovação científica
no tratamento da Covid, como a hidroxicloroquina, e afirma, contrariando as
evidências disponíveis, que juntamente com outros remédios o medicamento, usado
no tratamento de malária e doenças autoimunes, compõe um "tratamento
precoce" contra o coronavírus – Reuters.
Carlos Magno
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