O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), teve alta da
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sírio-Libanês, no centro de São
Paulo, nesta terça-feira, 4,e deve ir nas próximas horas para um quarto de
atenção semi-intensiva. Ele segue sem previsão de alta, mas teve uma “noite bem
dormida”, segundo disse o infectologista David Uip, um dos médicos que
acompanha o prefeito, em entrevista coletiva realizada nesta tarde.
O oncologista Artur Katz, que também acompanha Covas, disse
que a hemorragia descoberta no prefeito nesta segunda-feira, que o levou à UTI,
foi um evento pontual, que poderia ocorrer em casos como o do prefeito, mas que
foi superada. “Trata-se de uma intercorrência”, que foi “enfrentada com
sucesso.” “O objetivo agora é colocar o prefeito em suas condições ideais de
saúde para que a gente possa futuramente avaliar uma decisão do ponto de vista
oncológico”, afirmou.
Covas está sentado, conversando com os médicos, e
acompanhado do irmão. Ele dormiu nesta segunda pouco antes da meia-noite,
acordou nesta terça por volta das 5h, conversou com o irmão e dormiu mais um
pouco, segundo David Uip. Ao saber da repercussão de sua ida à UTI, após
intubação, brincou com a equipe que o acompanha, ainda de acordo com o médico.
"Vocês ficaram estressados ontem, não é", teria dito Covas. Ele
também teria dito que sua preocupação, no momento, é a partida entre Santos e
The Strongest, nesta noite, pela Libertadores da América.
O encaminhamento para a unidade semi-intensiva é uma medida
de praxe para pacientes crônicos que tiveram de passar pela UTI, segundo a
equipe médica. O quarto semi-intensivo mantém equipamento de monitoramento
constante dos pacientes.
Covas trata um câncer metastático no sistema digestivo que
já atingiu os ossos. O sangramento interrompeu o procedimento combinado de
sessões de quimioterapia e imunoterapia que estava marcado para o começo desta
semana.
Na segunda-feira, devido a um quadro de anemia, Covas, foi
encaminhado para realização de uma endoscopia. No procedimento, ele foi sedado
e intubado. No exame, os médicos detectaram uma hemorragia, que foi estancada.
Por precaução, após o procedimento, ele foi levado à UTI, para recuperação. Na
UTI, ele recebeu bolsas de sangue como parte do tratamento.
O oncologista Tulio Pfiffer, que também faz parte da equipe,
destacou que a interrupção temporária não deve "ter consequências de médio
e longo prazo" para o tratamento. Os médicos, entretanto, disseram que
"é cedo" para afirmar se essa intercorrência pode fazer com que o
prefeito demore mais de 30 dias para retornar à Prefeitura. Ele se licenciou do
cargo no último domingo, inicialmente com previsão de ficar um mês fora.
Pfiffer disse que Covas está recebendo "todo o suporte
clínico e oncológico" para que possa retornar à função, e que "se
dependesse de desejo", Covas já estaria em casa.
O sangramento que o levou à UTI, na cárdia (uma válvula que
conecta o esôfago e o estômago), ainda é alvo de investigação. O ponto do
sangramento é uma úlcera identificada na endoscopia. Esse sangramento poderia
ser "bom ou ruim", de acordo com o médico, sem mais detalhes. "É
muito cedo para qualquer tipo de conclusão (sobre a úlcera), mas ela (a
hemorragia) se encerrou", disse Pfiffer – Estadão.
Carlos Magno
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