O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) considera o ex-secretário
de Saúde do Distrito Federal, Francisco de Araújo Filho, a ponta do iceberg de
um esquema nacional de corrupção, que envolve o governo de Brasília e o
Ministério da Saúde. “Ele é uma das testemunhas mais importantes do
momento", ressalta o parlamentar. A pedido de Izalci Lucas, o senador
Eduardo Girão (Podemos-CE) apresentou requerimento de convocação do
ex-secretário da Saúde do DF à CPI da Pandemia.
O documento foi
juntado a mais de outros 200 requerimentos que serão analisados pelo plenário
da CPI nos próximos dias. Izalci acredita que Francisco possa revelar detalhes
da corrupção. O ex-secretário foi preso no ano passado, depois que a polícia e
o Ministério Público descobriram o envolvimento dele em desvios de recursos
para o combate à Covid-19. “O Francisco só não fez delação premiada ainda
porque alguém está bancando ele e os advogados”.
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Reportagem publicada na edição de VEJA desta semana revela
que existe todo um mistério sobre como Francisco Araújo, um ex-vereador do
interior de Alagoas, assumiu a secretaria de Saúde do DF.
Para o senador, Francisco pode ajudar a desvendar a
corrupção nacional porque o esquema em Brasília tem ligações com vários atores
nacionais. Izalci diz que Francisco mantinha contatos com lobistas ligados à Saúde e com escritórios
que fazem intermediação de negócios em Brasília.
Na época da prisão do secretário de Saúde do DF, o deputado
distrital Chico Vigilante (PT) disse a VEJA que Francisco de Araújo era ligado
ao senador Renan Calheiros (MDB-AL). O atual relator das CPI da Pandemia,
porém, nega ter qualquer vínculo com o ex-secretário: “Não tenho nada a ver com
a indicação dessa pessoa e nem tenho qualquer relacionamento com ela”, garantiu
o senador.
Izalci lembra que personagens de outros estados tiveram
envolvimento com as fraudes no DF, que tem um orçamento de mais de 7 bilhões de
reais por ano só para a Saúde, dinheiro que é repassado pelo governo federal.
Um dos empresários que participou de uma das fraudes na compra de testes
superfaturados de Covid-19 pela Secretaria de Saúde foi Fábio Campos, que era
assessor parlamentar do deputado João Carlos Bacelar (PL-BA). Bacelar e o PL
negam serem responsáveis pela indicação do ex-secretário de Saúde.
Outro personagem que foi identificado na fraude das compras
de testes de Covid superfaturados no DF foi Francisco Maximiano, dono da
Precisa Comercialização de Medicamentos e da Global Gestão em Saúde. A Precisa
é representante no Brasil do laboratório indiano que fabrica a vacina Covaxin,
que fechou contrato para vender 20 milhões de doses para o Ministério da Saúde,
por 1,6 bilhão de reais.
Maximiano é também dono da Global Gestão em Saúde, empresa
que é ré em processo na Justiça Federal na qual o Ministério Público pede a
devolução de 20 milhões de reais por medicamentos que foram pagos e não foram
entregues ao Ministério da Saúde na gestão do atual líder do governo na Câmara,
Ricardo Barros (PP-PR).
Ex-ministro da Saúde, Barros é réu no mesmo processo. Em
março, a Petrobras aplicou multa de 2,33 milhões de reais à Global Gestão em
Saúde, que gerenciava a distribuição de medicamentos aos beneficiários do
programa de assistência da estatal, por “fraude contratual” – Veja.
Carlos Magno
VEJA TAMBÉM:
- Cheirar pum pode prevenir câncer, AVC,
ataque cardíaco, artrite e demência, diz estudo de universidade do Reino Unido
- Assassinato de moradores de rua em
Campina Grande-PB gera comoção: radialista faz artigo em homenagem a
"Maria Suvacão"
- UEPB vai ganhar curso de Medicina no campus de
Campina Grande. Veja detalhes
-Cliente que passar mais de 20 minutos em fila de
banco na Paraíba receberá indenização
- Jovem forja a própria morte para saber
"quais pessoas se importariam com sua ausência" e vem a público pedir
desculpas