A Organização Mundial da Saúde (OMS) comemora nesta segunda-feira
(31) o Dia Mundial sem Tabaco com a campanha "Comprometa-se a parar de
fumar”, visando a promover uma mobilização global para combater o hábito de
fumar. Cada país, cada setor da sociedade e instituições ajudam a sensibilizar
as pessoas de que fumar faz mal à saúde e que é fundamental deixar o hábito.
Com esse objetivo, a Fundação do Câncer lançou em seu site a
cartilha Prática para Parar de Fumar (para baixar, CLIQUE AQUI), que orienta a população sobre os
malefícios do tabaco. “O que a gente fez foi uma cartilha com algumas dicas
para aqueles que fumam, mostrando a importância de parar de fumar e o mal que
esse hábito faz à saúde da própria pessoa e dos outros. A OMS fez uma relação
de 100 razões para motivar as pessoas a pararem de fumar”, disse à Agência
Brasil o diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni.
Foto: Pixabay
A cartilha deixa claro que o tabagista é um dependente
químico. “É um dependente da nicotina, e a gente entende isso como uma doença”,
ressaltou o médico. É preciso que o fumante se convença de que precisa de
ajuda, se conscientize disso e, depois, tome a decisão de parar. “Não é
simples. A gente entende isso pela própria dependência”, afirmou.
Maltoni explicou que a dependência da nicotina ocorre,
inclusive, com abstinência. Por isso, é muito importante ter apoio de quem está
próximo, da família, dos amigos. Para os dependentes, ele recomendou que não
devem ter vergonha mas, ao contrário, precisam exteriorizar a vontade de parar
de fumar, porque obterão ajuda.
Mudança de hábitos
Uma das principais recomendações para a pessoa deixar de
fumar é a mudança de hábitos, porque existe todo um cenário externo que
facilita o hábito de fumar. Tomar um cafezinho após o almoço é um deles. A
cartilha ajuda, indicando mudanças. Em vez do café, por exemplo, beber água.
“Enfim, fazer alguma coisa diferente daquilo que leva a pensar ou ter vontade
de fumar. Criar hábitos saudáveis, como alimentação adequada, exercícios
físicos, tomar bastante líquido”, disse o médico.
Luiz Augusto Maltoni destacou também que tanto no sistema
privado, quanto no Sistema Único de Saúde (SUS), há orientações sobre locais e
gente treinada para ajudar quem quer deixar de fumar. O Disque Saúde atende
pelo número 136. De maneira geral, as abordagens iniciais são feitas por
profissionais da saúde que conversam, compreendem o grau de dependência do fumante
e definem qual o melhor caminho a seguir.
Segundo o médico, o passo inicial costuma ser uma abordagem
cognitiva comportamental, sugerindo mudança de hábitos, o que, na maioria das
vezes, é feito em grupo. “É interessante, porque se trocam experiências, um
ajuda o outro”. Depois, as reuniões vão se espaçando, até que a pessoa consegue
parar.
Em alguns casos, é preciso que se acrescente tratamento
medicamentoso, que é feito de duas formas: ou pela reposição de nicotina, por
meio de adesivos ou de goma de mascar, “e aí vai reduzindo a dose, sempre com
orientação médica”, ou ainda com uso de antidepressivo, também disponível no
SUS. Maltoni reforçou que o tabagista é um dependente químico e deve ser
tratado com o carinho que merece, entendendo que não é simples parar de fumar e
que, muitas vezes, as pessoas que tentam parar acabam falhando em uma primeira
vez.
“Mas devem insistir, porque a gente sabe que, com o número
de tentativas, a pessoa acaba conseguindo, porque vai depender da vontade, do
apoio, do grau de dependência que tinha. Mas é possível”. Tomar consciência do
mal que o fumo representa também para as pessoas que cercam o fumante é um
incentivo. “Procurando ajuda, consegue parar”.
O médico lembrou que, qualquer que seja a forma que tenha, a
nicotina é uma substância altamente viciante e, uma vez tragada, em segundos
ela atinge o sistema nervoso central e provoca dependência química. “E faz
abstinência, como ocorre com o álcool e outras drogas”.
Experiência
De linguagem direta e clara, a cartilha está disponível no
site da Fundação do Câncer (para acessar, CLIQUE AQUI) ou diretamente no link (CLIQUE AQUI). A publicação ajuda o fumante a
deixar a dependência do tabaco, que ainda afeta 9,8% da população brasileira.
Além disso, contém a ansiedade, esclarece os males que a dependência química da
nicotina traz e mostra os benefícios que o indivíduo tem em sua saúde, horas,
dias e semanas após deixar o vício.
A cartilha propõe ainda uma reflexão sobre os fatores
negativos da dependência do cigarro, entre eles o cheiro forte, o gosto na boca
e o fato de o produto causar diversas doenças que podem levar à morte.
Sueli Fátima Perestrelo, 59 anos, fumou durante quase 30
anos e só depois desse tempo deixou a dependência do cigarro. Ela disse à
Agência Brasil que está há cerca de dez anos sem fumar. "Eu fiz tratamento
três vezes para parar de fumar. Só na terceira consegui. O que me ajudou a
parar de fumar foram as reuniões. Escutando depoimentos, conversando com um e
com outro é que você consegue parar”.
Maria Vera deixou o cigarro há oito anos, depois de fumar
mais de 30 anos. Ela afirmou que estava querendo parar há muito tempo. “Tentei
várias vezes. Parava, depois voltava”. O fato de ter filhos e, depois, netos,
influenciou na decisão de Maria Vera abandonar de vez o cigarro. “Prejudica as
crianças. Uma coisa foi se juntando à outra. E como eu já estava querendo
parar, deixei de vez. Determinei que não ia fumar mais e parei. É difícil. Tem
que ter muita força de vontade”, explicou. “Teve época em que engordei demais,
devido à ansiedade que o cigarro causa, e descontei na comida. Mas depois
voltei ao normal” – Agência Brasil.
Carlos Magno
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