A senadora Nilda Gondim (MDB-PB) divulgou documento de
autoria da Associação dos Empregados da Eletrobras (AEEL), do Sindicato dos
Trabalhadores nas Indústrias Urbanas da Paraíba (Stiupb) e da Federação
Regional dos Urbanitários do Nordeste (Frune) detalhando a alta lucratividade
da empresa Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras) e apontando a
possibilidade de negociata por trás da tentativa do governo federal de
privatizar a Eletrobras.
Engajada na luta contra a privatização da empresa, por
considerar que a venda da Eletrobras para o setor privado significará a
renúncia do Estado Brasileiro a um ativo estratégico para o desenvolvimento e
para a segurança nacional, com a consequente perda do controle sobre a geração
e a distribuição de energia elétrica no País, Nilda Gondim destacou trechos do
documento assinado pelo presidente do Stiupb, Wilton Maia Velez, segundo o
qual, considerando a estimativa de receita da transmissão e da geração (base
2020) para cada uma das usinas; as linhas de transmissão e subestações, assim
como a data limite das concessões já assinadas para depois de 2040/2050”,
pode-se concluir que a Eletrobras “tem ativos que podem gerar uma receita piso
de R$ 698 bilhões até o fim das concessões já assinadas”.
Foto: Assessoria
Conforme o documento, contando com a Usina Hidrelétrica de
Tucuruí, a Eletrobras “chega a uma receita bruta de R$ 790 bilhões”. Além
disso, “fazendo uma estimativa simples de corrigir as concessões de geração por
um indexador de 3% a.a. e as linhas de transmissão, indexadas a um IPCA
estimado em 4% a.a. para efeito de simulação, chega-se à estratosférica quantia
superior a R$ 1,6 trilhões”.
Para a senadora Nilda Gondim, tratando-se de uma empresa
lucrativa e de grande valor estratégico para a soberania nacional, não há
motivo que justifique a sua privatização, salvo se houver algum interesse
inconfessável e alheio aos anseios e direitos do povo brasileiro envolvendo
membros do governo e outros interessados na desestatização da Eletrobras.
Votação no Senado
A proposta de privatização da Eletrobras será votada nos
próximos dias pelo Senado Federal em deliberação sobre o Projeto de Lei de
Conversão 7/2021, já aprovado na Câmara dos Deputados, que surgiu da Medida
Provisória nº 1031/2021.
Comentando a Medida Provisória 1031/2021, as entidades
autoras do documento encaminhado à senadora Nilda Gondim enfatizam que a
análise da referida MP revela total ausência de informações sobre o modelo de
avaliação que será utilizado para a capitalização da Eletrobras e sobre
qualquer estimativa do valor a ser arrecadado. “De quebra, ainda impede que o
Senado, a Câmara e a União tenham qualquer poder de decisão sobre a aceitação
ou não dos valores a serem definidos no momento da capitalização, decisão que será
reservada aos minoritários residentes e não residentes em uma futura assembleia
de acionistas. Uma espécie de ‘banquete de amigos’”, comentam.
Confira, na sequência, trechos do documento intitulado
“‘Cheque em branco’, ‘Analista de Retrovisor’ e ‘Golden Share às avessas’: as
tramas por trás da privatização da Eletrobras”:
Como aprovar ou
rejeitar um projeto sem saber qual a estimativa de arrecadação?
Como prometer fundos
regionais e projetar orçamento sem uma base real ou estudo que balize tal
decisão?
Como avaliar uma
empresa sem que as Casas Legislativas recebam o Valuation (avaliação) dos
ativos da Eletrobras para avaliar o mérito e alternativas, haja vista que a
Eletrobras tem dezenas de usinas e linhas com concessões já assinadas a vencer
só depois de 2040/2050?
Trata-se de um apagão
proposital de informações, típico da tratoragem e rapinagem que observamos com
tanta veemência na Petrobras e nos desinvestimentos do Banco do Brasil e Caixa
Econômica.
Não será facultada à
União nem mesmo a decisão de rejeitar ou não a proposta que será apresentada ao
final dos estudos, que ainda nem começaram.
Como diria Brizola, “tem cara de negociata, boca de negociata, rabo de
negociata... como é que não é negociata?”.
De acordo com a MP
1031/2021, a União permanecerá cobrindo as garantias bilionárias à nova empresa
privada, o que é proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, dando mais um
indício de negociata que transcende o “limite da irresponsabilidade ao erário”.
Graças a uma mudança
feita no parecer do relator, os acionistas privados, residentes e não
residentes, abocanharão mais de R$ 51 bilhões de recebíveis de RBSE e R$ 6 bi
de recebíveis de geração, um presentão de R$ 57 bilhões!
A Eletrobras tem potes
de ouro, tais como: recebíveis, projetos estruturantes recentemente
comissionados e com uma imensa vida útil pela frente e concessões longevas de
transmissão e geração para depois de 2040/2050.
O retrocesso
civilizatório deste governo cria operações heterodoxas, nas quais a União
esteriliza o seu próprio poder de voto em prol dos financistas, amigos dos
amigos do Ministério da Economia. Onde já se viu no mundo, uma empresa ter a
possibilidade de se ter mais de 10% das ações, mas limitar o seu poder de voto
a apenas 10%?
Você venderia um bem
em operação comercial com contratos garantidos para depois de 2040/2050 sem ter
em mãos uma estimativa de valor deste bem? – Assessoria.
Carlos Magno
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