O relatório parcial da Polícia Federal sobre os atos
antidemocráticos encaminhado à PGR no início de janeiro mostra que os
investigadores encontraram documentos sobre a campanha eleitoral do presidente
Jair Bolsonaro em 2018.
O documento, ao qual a TV Globo teve acesso, indica que o
empresário bolsonarista Otávio Fakhoury bancou quase R$ 50 mil em material para
campanha. Os gastos não constam na declaração à Justiça Eleitoral.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Os investigadores apreenderam com o empresário, segundo o
relatório, notas fiscais de duas gráficas que imprimiram milhares de adesivos e
panfletos.
A PF ainda diz no documento ter localizado uma mensagem do
empresário oferecendo apoio a atos democráticos. Em 21 de fevereiro do ano
passado, Fakhoury disse:
"Eu vou, vou ajudar a pagar o máximo de caminhões que
puder. Convocarei todos que eu conhecer! Não vou deixar esses canalhas
derrubarem esse governo".
Otávio Fakhoury afirmou que as notas fiscais se referem a
pagamento de despesas de amigos que fazem parte de movimentos sociais.
Ele disse ainda que não comunicou ao candidato, à
coordenação da campanha ou a pessoas próximas a Bolsonaro sobre esses
pagamentos porque não se tratava de doações de campanha.
Por fim, afirmou que declarou aos órgãos competentes todas
as contribuições a campanhas eleitorais.
Inquérito dos atos
antidemocráticos
Na última sexta-feira (4), o ministro Alexandre de Moraes,
do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo do inquérito dos atos
antidemocráticos, que corria até então em segredo de Justiça.
O inquérito investiga a organização e o financiamento de
manifestações que, no ano passado, foram às ruas para defender causas
antidemocráticas e inconstitucionais, como o fechamento do Congresso e do STF,
e a adoção de um novo AI-5, o ato mais repressor da ditadura militar.
Blogueiros e parlamentares bolsonaristas são investigados no
inquérito. A investigação foi aberta em 2020, a pedido da Procuradoria-Geral da
República (PGR). Moraes é o relator.
No domingo, Fantástico publicou reportagem a partir de parte
do inquérito, que mostra que aliados do presidente Jair Bolsonaro atacaram o
Supremo Tribunal Federal após um julgamento sobre a pandemia.
A reportagem teve acesso à análise feita pela Polícia
Federal de mensagens no celular do empresário bolsonarista Otávio Fakhoury que
mostra uma conversa em 22 de maio de 2020 com a deputada Bia Kicis, do PSL.
Chegaram a falar em “guerra institucional” – G1.
Carlos Magno
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