A expressão chula usada pelo presidente Jair Bolsonaro para
se referir às perguntas encaminhadas pela CPI da Pandemia foi recebida com
repúdio por senadores nesta sexta-feira (9).
Em live nas redes sociais, nesta quinta-feira (8), sobre
carta entregue pela cúpula do CPI ao Palácio do Planalto, o presidente
respondeu: "Sabe qual a minha resposta? C..., c... para a CPI. Não vou
responder nada!". O documento, assinado por Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe
Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL), respectivamente presidente,
vice-presidente e relator da CPI, cobrava um posicionamento do presidente sobre
as suspeitas de corrupção na compra de vacinas.
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Em entrevista antes da reunião da CPI nesta sexta-feira (9),
Randolfe classificou a fala como "lamentável".
— A resposta do presidente da República não é a nós. É ao
povo brasileiro. É às instituições. É à República. A CPI foi só é a mensageira,
a interlocutora. Presidente, responda o seguinte: por que o senhor não tomou
nenhum tipo de providência quando os irmãos Miranda lhe comunicaram que existia
um esquema corrupto em curso no Ministério da Saúde? Por que ele sequer se
solidarizou até agora com o seu líder do governo na Câmara? Essa pergunta não
está sendo feita por mim, pela CPI. Está sendo feita pelo povo brasileiro.
Então, presidente, responda aos brasileiros.
Em sua intervenção inicial na reunião da CPI, Renan
Calheiros fez referência ao episódio:
— Ontem (8) nós mandamos uma carta para o presidente da
República. E o país ficou estupefato com a maneira com que ele respondeu a esta
CPI. A escatologia proverbial do presidente recende ao que ocorreu no seu
governo durante a pandemia. Todos nós sentimos esses odores irrespiráveis que
empestearam o Brasil e mataram tantos inocentes. Não podemos ter medo de
arreganhos, de ameaças, de intimidações, de quarteladas. Vamos investigar haja
o que houver — concluiu o relator.
Momentos antes da reunião, respondendo a jornalistas nos
corredores do Senado, Renan já havia mencionado a expressão usada por
Bolsonaro:
— Eu nunca vi uma palavra só que sintetizasse um governo
tanto quanto esta. O governo estava com dificuldade para encontrar um slogan.
Definitivamente o encontrou.
Nas redes sociais, diversos senadores se manifestaram.
"Não responde por medo de ser desmentido pela gravação: esse silêncio,
partindo de alguém que se notabilizou por sua disenteria verbal, vale como
recibo de culpa! Bolsonaro está encurralado. Sua verborragia não o salvará da
cadeia: o cerco está se fechando!", opinou Fabiano Contarato (Rede-ES).
"A única diarreia do Bolsonaro relevante para o país é
a mental, que está na base de uma gestão fracassada e irresponsável. Nós
brasileiros é que vamos limpar essa sujeira. Qualquer outra manifestação tosca
e grosseira não merece resposta. Já passamos de meio milhão de mortos",
escreveu Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) publicou:
"Ao usar palavra chula para atacar a CPI da Covid e esconder denúncias de
corrupção sob o tapete, o presidente apenas mostra a sua falta de grandeza. E a
sua linguagem definitivamente não é compatível com a grandeza do povo
brasileiro".
"Ele c... para o Brasil, c... para o povo, c... para as
530 mil mortes pelo covid-19 e c... para todos. É UM C...!", publicou
Paulo Rocha (PT-PA), finalizando com letras maiúsculas – Agência Senado.
Carlos Magno
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