A cada mês, os trabalhadores brasileiros estão comprometendo
uma parcela maior do salário em itens básicos, como a alimentação. O Dieese
mediu o impacto da inflação.
O autônomo José Helenildo conta que a sua renda ficou
praticamente a mesma no último ano, mas o preço da conta no mercado disparou.
“Só numa comprinha dessa daqui, com certeza. Antes, você
pagava num pacote de arroz R$ 9, R$ 10. Agora você está pagando R$ 17”,
compara.
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
Para trabalhadores como José Helenildo, que ganham cerca de
um salário mínimo, os itens da cesta básica correspondem a mais da metade da
renda. Segundo o Dieese, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos, 55,68%, em média, no levantamento de julho.
De 17 capitais pesquisadas, a cesta aumentou em 15 de junho
para julho deste ano. Os maiores aumentos foram em fortaleza (3,92%), Campo
Grande (3,89%) e Aracaju (3,71%). Perto de 4%, em apenas um mês.
Na comparação com julho do ano passado, todas as capitais
tiveram alta nos preços. Brasília lidera, com quase 30% de aumento.
Na cesta do professor Wilson Ornellas, por exemplo, só vai o
básico.
“Um pacote de arroz, um de leite, só o básico. Um pacote de
tomate, porque não dá para estocar mais, não. Foi-se o tempo que a gente
estocava. Independentemente da classe social, ninguém está dando conta de
estocar”, constata.
Segundo o levantamento, a cesta básica mais cara do país
está em Porto Alegre: custa mais de R$ 656, em média. Depois, em Florianópolis
e São Paulo.
Usando o valor da cesta básica de Porto Alegre, por exemplo,
o Dieese calcula que, para alimentar uma família de quatro pessoas, com dois
adultos e duas crianças, o salário mínimo do país deveria ser de R$ 5.518, mais
de cinco vezes o valor atual.
A pesquisa também mostra que o brasileiro precisa trabalhar
mais tempo para comprar os produtos da cesta básica. Em julho do ano passado, considerando
uma jornada de 8 horas por dia, o trabalhador levava 12 dias para comprar a
cesta. Em julho deste ano, esse tempo subiu: são 14 dias. Ou seja, quase a
metade de um mês inteiro de trabalho só para comprar o básico da alimentação.
O economista Ricardo Henriques, da Universidade Federal
Fluminense, afirma que a inflação tem um efeito devastador na renda dos mais
pobres.
“O que estamos vivendo hoje é uma situação em que, com o
crescimento da inflação, os mais pobres e os mais vulneráveis sofrem
desproporcionalmente. Aqueles que ganham em torno de um salário mínimo têm uma
punição enorme do ponto de vista da qualidade, inclusive da sua alimentação, da
qualidade das suas condições de vida”, disse o professor da UFF.
No caso da aposentada Vanda Silva, o preço da cesta afetou a
qualidade e a variedade da alimentação: “Eu comprava feijão, eu comprava
arroz... Açúcar, às vezes. Muita verdura. Hoje, eu não comprei” – JN.
Carlos Magno
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