O padre Omar Raposo, reitor do Santuário Cristo Redentor,
foi barrado na manhã deste sábado (11) por seguranças do Parque Nacional da
Tijuca na guarita de acesso ao alto do Corcovado.
Padre Omar iria celebrar um batizado na capela sob os pés da
estátua, marcado para as 7h30, mas sua comitiva foi impedida de subir, sob a
alegação de que “não estava autorizada”.
O Santuário contesta e afirma que o evento foi previamente
comunicado ao parque. Mesmo assim, até a criança, seus pais e padrinhos “foram
travados”. O batizado só foi realizado duas horas depois.
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
O platô onde fica a estátua do Cristo, no topo do Corcovado,
pertence à Arquidiocese do Rio, que administra e conserva o cartão-postal. Todo
o entorno, no entanto, é gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio). A autarquia também controla as lojas do complexo —
hoje fechadas — e todos os acessos de veículos na Floresta da Tijuca.
Segundo o Santuário, não foi a primeira vez que celebrantes
foram parados rumo ao Cristo. Uma nota de repúdio contra o ICMBio foi divulgada
(veja íntegra no final da reportagem).
A nota cita esse e
outros “atos hostis”.
“Nos últimos meses, a postura dos seguranças do Parque
Nacional da Tijuca tem sido hostil em relação ao reitor do Santuário Cristo
Redentor, Padre Omar, e aos funcionários do Santuário”, diz um dos trechos da
nota.
“De maneira recorrente, Padre Omar, bispos e outros
religiosos, juntamente com fiéis e convidados da Igreja que participam das
missas, casamentos, batizados e ações culturais promovidas pelo Santuário,
passam por constrangimentos ao acessar o Santuário”, detalhou.
O que diz o ICMBIO
Em nota, o Instituto Chico Mendes disse "por questões
de segurança dos frequentadores e conservação ambiental de alguns Parques
Nacionais, todos os veículos que acessam as áreas restritas precisam se
identificar.
Ainda segundo o ICMBIO, "eventualmente, essa checagem
pode levar um pouco mais de tempo, devido a quantidade de frequentadores em
eventos e nos finais de semana."
Outros episódios
Os incidentes, segundo o Santuário, ocorrem no entroncamento
da Rua Almirante Alexandrino com Estrada das Paineiras. Lá fica uma guarita da
segurança patrimonial do Parque Nacional da Tijuca, gerido pelo ICMBio.
No dia 3, convidados da Arquidiocese do Rio de Janeiro não
puderam chegar para uma celebração litúrgica. “Após a oração, seria oferecido
café da manhã gratuitamente aos convidados. O Parque Nacional da Tijuca também
vetou o acesso de água aos convidados”, afirma a nota.
No dia 2 de setembro, os funcionários da empresa
terceirizada que faz a gestão da iluminação do Cristo Redentor, que possuem
veículos autorizados para o trabalho, também foram barrados. “Eles estavam
subindo para iluminar o monumento na cor verde em uma ação para a doação de
órgãos”, detalha o texto.
“Da mesma forma, os veículos da Secretaria de Estado de
Saúde, cujas informações de placa, modelo e cor já tinham sido enviadas ao
Parque Nacional da Tijuca, também foram barrados na guarita”, destaca.
Leia a íntegra da
nota divulgada pelo Santuário Cristo Redentor nas redes sociais:
O Santuário Cristo
Redentor repudia os atos hostis do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio), uma autarquia em regime especial, vinculada ao
Ministério do Meio Ambiente, contra a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de
Janeiro.
De maneira recorrente,
o reitor do Santuário Cristo Redentor, Padre Omar, bispos e outros religiosos
do Rio de Janeiro, juntamente com fiéis e convidados da Igreja que participam
das
missas, casamentos,
batizados e ações culturais promovidas pelo Santuário Cristo Redentor, passam
por constrangimentos para acessarem o Santuário. Os gestores do Parque Nacional
da Tijuca inviabilizam a servidão de passagem, entre outras ações vilipendiosas.
Hoje, mais uma vez,
Padre Omar e os fieis foram impedidos de acessar o Santuário Cristo Redentor
quando estavam a caminho de um batizado, marcado às 7h30. O sacerdote, a
criança e familiares
foram travados na
guarita localizada na Estrada das Paineiras, que dá acesso ao Santuário.
Após ficarmos, no ano
de 2019, vários meses sem funcionamento das escadas rolantes e elevadores na
região do Alto Corcovado, obrigando idosos e pessoas com deficiência a passar
inúmeras dificuldades e constrangimentos, mais uma vez ficamos à mercê do
ICMBio, a partir dos funcionários do Parque Nacional da Tijuca.
No dia 3 de setembro,
fomos mais uma vez constrangidos e numa celebração litúrgica onde os convidados
da Arquidiocese do Rio de Janeiro não puderam chegar ao Santuário Cristo
Redentor. Após a oração, seria oferecido café da manhã gratuitamente aos
convidados. O Parque Nacional da Tijuca também vetou o acesso de água aos
convidados, violando o direito fundamental à saúde e ao bem-estar dos
presentes.
No dia 2 de setembro,
os funcionários da empresa terceirizada que faz a gestão da iluminação do
Cristo Redentor, que possuem veículos autorizados para o trabalho, foram
barrados na guarita da Estrada das Paineiras pelos seguranças contratados pelo
Parque Nacional da Tijuca. Eles estavam subindo para iluminar o monumento na
cor verde em uma ação para chamar a atenção da população para a importância da
doação de órgãos, que salva vidas, uma ação de iluminação na área de saúde
entre tantas que o Santuário Cristo Redentor realiza. Da mesma forma, os
veículos da Secretaria de Estado de Saúde, cujas informações de placa, modelo e
cor já tinham sido enviadas ao Parque Nacional da Tijuca, também foram barrados
na guarita.
Esse bloqueio vem
acontecendo há alguns meses. Enumeramos alguns acontecimentos dos últimos dias.
No dia 22 de agosto, a fiscalização do ICMBio falhou ao não identificar
turistas franceses que ficaram na mata após o encerramento da visitação de
domingo. Na manhã do dia 23, o monumento foi acessado ilegalmente pelos
turistas franceses, que arrombaram os cadeados da porta de acesso ao interior
do monumento e subiram até a cabeça e os braços do Cristo Redentor, atentando
contra a própria integridade física. O cesso ao monumento sem autorização
configurou violação contra a propriedade da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Além disso, nesse
momento, no Alto Corcovado não há operação de lojas comerciais, incluindo as de
alimentação, por conta de querelas judiciais entre o Parque Nacional da Tijuca
e os lojistas. Dessa forma, os visitantes não podem se alimentar nem ao menos se
hidratar no local, sem que levem o próprio alimento ou água. Também por conta
do fechamento das lojas, o banheiro mais próximo ao platô (área de visitação do
Santuário Cristo Redentor), que ficava no restaurante, também foi fechado,
impedindo que o público pudesse utilizá-lo.
Nos últimos meses, a
postura dos seguranças do Parque Nacional da Tijuca tem sido hostil em relação
ao reitor do Santuário Cristo Redentor, Padre Omar, e aos funcionários do
Santuário. Dessa forma, o ICMBio, mais uma vez, tem a postura de relativizar a
autoridade da Igreja, que cuida, com todo o zelo, do monumento ao Cristo
Redentor e do Santuário Cristo Redentor no alto do Morro do Corcovado, cuja
propriedade é da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
O Santuário Cristo
Redentor é o primeiro santuário a céu aberto do mundo. A área compreende todo o
platô, ou seja, toda a área de visitação do público. Símbolo nacional dos
sentimentos cristãos do país, é um espaço originalmente sagrado, que acolhe
pessoas de todos os lugares do mundo. No dia 12 de outubro de 2021, será
celebrado o 90º aniversário do monumento ao Cristo Redentor, com um calendário
de atividades que está sendo preparado pela Arquidiocese de São Sebastião do
Rio de Janeiro – G1.
Carlos Magno
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