Depois de dizer em entrevista que estudantes com deficiência
“atrapalham” outros alunos e afirmar publicamente que “é impossível a
convivência” com crianças com algum grau de deficiência, o ministro da
Educação, Milton Ribeiro, pediu desculpas “a todos que se sentiram ofendidos”
nesta quinta-feira (16) em audiência pública na Comissão de Educação (CE) do
Senado. Apesar de elogiarem a postura, senadores afirmaram que as desculpas
devem ser acompanhadas por ações.
O ministro compareceu à Comissão atendendo requerimento (REQ
7/2021) do Vice-presidente do Senado Federal, senador Veneziano Vital do Rêgo
(MDB-PB), para explicar essas e outras declarações sobre a inclusão de
estudantes com deficiência nas escolas. Ribeiro disse que não teve a intenção
de “magoar”, que suas colocações “não foram as mais adequadas”.
Foto: Roque de Sá/Agência Senado
— Minhas palavras não foram adequadas. Não representa meu
pensamento. Quero reiterar meu sincero pedido de desculpas a todos que de
alguma forma se sentiram ofendidos. O ministro da Educação não é essa
pessoa que foi pintada. [...] Esse foi meu grande erro — disse o
ministro.
Consternação – Em
entrevista no mês passado, Milton Ribeiro afirmou que cerca de 12% das crianças
com deficiência não teriam condições de estudar junto com outros alunos sem
deficiência. Autor do requerimento para ouvir o ministro, Veneziano observou
que as afirmações causaram “estranheza e consternação geral”, mas elogiou a
atitude de Ribeiro em reconhecer que errou e pediu que o ministro siga
reafirmando a defesa da inclusão. “É muito bom estar diante de uma pessoa
que sabe pedir desculpas. Reconhecer o erro. [...] Não quero imaginar que
esses 12% não possam ter o direito de conviver com o outro”.
Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Autistas – Veneziano
também alertou para o crescimento no número de autistas no mundo, nos últimos
anos, e sobre perspectivas da ciência para um futuro próximo. Ele lembrou que,
no final da década de 80, uma a cada 500 crianças era diagnosticada com
autismo. “Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, agência
do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, divulgados em
março de 2020 (relativos a 2016), a incidência do autismo passou a atingir uma
em cada 54 crianças”, disse Veneziano, lembrando que esta realidade levou a Organização
das Nações Unidas classificar o autismo como questão de saúde pública mundial.
Ao comentar os dados, já considerados alarmantes, Veneziano citou
a pesquisadora americana Stephanie Seneff, cientista sênior de pesquisa do
Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, bióloga PhD que já publicou
mais de 170 artigos acadêmicos revisados por seus pares e que estuda o autismo
por mais de 30 anos. “Segundo a Professora Stephanie, até 2030, uma em cada
duas crianças será autista. Por isso temos que estar preparados para este
futuro”, alertou o senador – Assessoria, com Agência Senado.
Carlos Magno
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