Foto: Marcello Camargo/Agência Brasil
O hacker Walter Delgatti voltou a afirmar à Polícia Federal que
recebeu R$ 40 mil da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para invadir
sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir falsos documentos e
alvarás de soltura. A informação foi divulgada pelo advogado de Delgatti,
Ariovaldo Moreira, após depoimento do hacker à Polícia Federal, em Brasília,
nesta quarta-feira (16).
De acordo com o advogado, Delgatti confirmou o que havia
dito no primeiro depoimento à PF, em São Paulo, no mês passado. No depoimento
de hoje, o hacker citou uma conversa e indicou pessoas próximas a Carla
Zambelli envolvidas na invasão, conforme Moreira.
“Além de confirmar, ele produziu mais provas no sentido de
que ele está falando a verdade”, disse o advogado à imprensa. Os R$ 40 mil,
conforme a defesa, foram pagos em depósitos bancários e dinheiro vivo, entregue
por um assessor de Zambelli.
Com as novas provas, Moreira espera que Delgatti seja
colocado em liberdade. O hacker estava preso em Araraquara (SP) desde o último
dia 2, foi transferido hoje para Brasília e conduzido à sede da PF, na região
central da capital federal.
Em nota, a defesa da deputada Carla Zambelli informa que irá
se manifestar somente após conhecimento dos autos e do depoimento. “A defesa da
deputada Carla Zambelli reitera que somente se manifestará após integral
conhecimento do conteúdo dos autos - o que ainda não aconteceu, inclusive de
referido depoimento, porém reforça e rechaça qualquer acusação de prática de
conduta ilícita e imoral pela parlamentar, inclusive, negando qualquer tipo de
pagamento ao mencionado hacker”.
Foto: Reprodução/Twitter
CPMI do 8 de janeiro
O advogado confirmou que Delgatti irá comparecer à Comissão
Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, nesta quinta-feira (17).
A defesa pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele possa ficar em
silêncio no depoimento na comissão.
Entenda o caso
Walter Delgatti é suspeito de invadir os sistemas do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir falsos documentos e alvarás de
soltura no Banco Nacional de Mandados de Prisão em janeiro deste ano, como um
falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.
Delgatti afirma ter agido a pedido da deputada Carla
Zambelli, com o intuito de desacreditar o Poder Judiciário. A deputada, por sua
vez, nega ter pedido ou pago o hacker para que fizesse isso.
Zambelli diz ter pago R$ 3 mil para que o hacker fizesse
melhorias no site e redes sociais dela. Ela contou ainda que apresentou
Delgatti ao presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, e ao
ex-presidente da República Jair Bolsonaro. Segundo Zambelli, o hacker queria
oferecer os serviços dele ao PL, participando de uma eventual auditoria nas
urnas eleitorais eletrônicas. Porém, Zambelli disse que o negócio não foi
fechado.
O inquérito policial que apura os supostos crimes de invasão
do sistema do CNJ tramita no STF.
Delgatti ficou conhecido por ter extraído ilegalmente troca
de mensagens entre Sergio Moro, então juiz da Operação Lava Jato, e o
ex-procurador da República e o então coordenador da força-tarefa, Deltan
Dallagnol, o que deu origem à chamada Vaza Jato, expondo os bastidores da
Operação Lava Jato e reforçando os argumentos dos críticos que acusavam o Poder
Judiciário de vazar informações sigilosas de forma seletiva, com objetivos
políticos.
Em razão do vazamento, Delgatti responde também a processo,
no âmbito da Operação Spoofing, que investiga a invasão dos celulares do
ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e hoje senador, Sergio Moro (União
Brasil - PR), e de outras autoridades. A ação levou o hacker pela primeira vez
à prisão, em 2019 – Carolina Pimentel/Marcelo Brandão – Agência Brasil.
Carlos Magno
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