
Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos
Estados Unidos, Joe Biden, lançaram, nesta quarta-feira (20), em Nova York, uma
parceria para promoção do “trabalho digno”. Eles afirmaram o compromisso mútuo
com os direitos dos trabalhadores, por meio da assinatura de um protocolo. A
iniciativa é inédita entre os dois países e visa combater a precarização do
trabalho, tendo os sindicatos como base de apoio.
“Não queremos só que uma classe se saia bem, queremos que os
pobres tenham a oportunidade de subir na vida. Os ricos não pagam impostos
suficientes. Essa visão é impulsionada por uma força trabalhista forte.
Orgulho-me que meu governo tem sido caracterizado com o mais pró-sindicato na
história dos EUA", afirmou Biden no discurso de lançamento da iniciativa.
A Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores tem como
diretrizes principais a proteção dos diretos trabalhistas; promoção do trabalho
digno nos empreendimentos públicos e privados; o combate à discriminação no
local de trabalho; abordagem centrada dos trabalhadores na transição para
energia limpa; e o uso da tecnologia e da transição digital em prol do trabalho
decente.
Em seu discurso, Lula enalteceu o caráter histórico da
parceria e destacou os desafios atuais para promover o trabalho decente no
planeta, após década de vigência do neoliberalismo, um regime econômico de
intensa exploração dos trabalhadores.
"O saldo é que nós temos 2 bilhões de trabalhadores que
estão no setor informal, segundo a OIT [Organização Internacional do Trabalho].
O dado concreto é que temos 240 milhões de trabalhadores que, mesmo
trabalhando, vivem com menos de US$ 1,90 por dia. É inaceitável que mulheres,
minorias étnicas e pessoas LGBTQIA+ sejam discriminadas no mercado de
trabalho", afirmou.
Lula também defendeu o fortalecimento do papel dos
sindicatos. "Todas pessoas que acreditam que sindicato fraco vai fazer com
que o empresário ganhe mais, que o país fique melhor, está enganado. Não há
democracia sem sindicato forte. Porque o sindicato é efetivamente quem fala pelo
trabalhador para tentar defender os seus direitos", completou.
Ainda segundo o presidente dos Estados Unidos, os
trabalhadores é que serão os principais agentes no processo de transformação
energética e tecnológica que o planeta precisa enfrentar nos próximos anos.
"Sabemos que o nosso progresso depende dos nossos
trabalhadores. Eles que vão impulsionar a transição da energia verde, eles que
vão tornar segura a cadeia de valor e erguer a infraestrutura para manter forte
a nossa economia", disse Joe Biden.
Lula e Biden se comprometeram a impulsionar a adesão de
outros países à Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores, e tentar reverter a
situação de exploração existente. "Em todos esses fóruns internacionais,
estaremos trabalhando e tentando criar condições para que todos os governantes
aceitem um protocolo com esse que estamos assinando aqui", disse Lula.
Os dois presidentes também querem estabelecer uma agenda
centrada em aumentar a importância dos trabalhadores e trabalhadoras em
instituições multilaterais como o G20, a COP 28 e a COP 30.

Foto: Ricardo Stuckert/PR
Encontro bilateral
Antes do lançamento da iniciativa, Lula e Biden tiveram um
encontro bilateral. Na ocasião, Biden falou em trabalhar conjuntamente com o
Brasil para enfrentar a crise do clima, "mobilizando centenas de milhões
de dólares para preservar a Amazônia e os ecossistemas cruciais da América
Latina".
"Trabalharemos juntos na parceria da cooperação
atlântica, promovendo crescimento econômico inclusivo. As duas maiores
democracias do hemisfério ocidental estão defendendo diretos humanos, no
hemisfério e no mundo, incluindo os direitos dos trabalhadores", disse
Biden.
Já Lula disse da necessidade de apresentar propostas e
assegurar oportunidades de trabalho de qualidade, especialmente para juventude,
como "forma de despertar a esperança na sociedade que vive de trabalho no
mundo".
"Eu nunca tinha visto um presidente americano falar
tanto e tão bem dos trabalhadores como o senhor falou. Isso foi referendado por
centrais sindicais americanas. Essa é uma combinação perfeita, porque eu venho
do mundo do trabalho, e eu acho que o trabalho está muito precarizado, o
salário está muito aviltado, cada vez mais os trabalhadores trabalham mais e
ganham menos", disse Lula.
ONU
Lula está em Nova York para participando da Assembleia Geral
da Organização das Nações Unidas (ONU). Na terça-feira (19), em discurso no
plenário da ONU, o presidente brasileiro criticou o neoliberalismo e disse que
o desemprego e a precarização do trabalho “minaram a confiança das pessoas em
tempos melhores, em especial os jovens”. Para Lula, isso deu brecha para a
ascensão da extrema direita em diversas partes do mundo.
“Muitos sucumbiram à tentação de substituir um
neoliberalismo falido por um nacionalismo primitivo, conservador e autoritário.
Repudiamos uma agenda que utiliza os imigrantes como bodes expiatórios, que
corrói o estado de bem-estar e que investe contra os direitos dos
trabalhadores”, disse Lula. “Nossa luta é contra a desinformação e os crimes
cibernéticos. Aplicativos e plataformas não devem abolir as leis trabalhistas
pelas quais tanto lutamos”, acrescentou.
O presidente desembarcou em Nova York na noite de sábado
(16), onde participou de reunião com empresários e diversos encontros com
autoridades estrangeiras. O principal compromisso foi a abertura do debate
geral de chefes de Estado da 78ª Assembleia Geral da ONU.
Ainda nesta quarta-feira, Lula se encontrará com o
presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky. Ele retorna ainda na noite desta
quarta-feira para o Brasil – Andrea Verdélio/Pedro Rafael Vilela/Fernando Fraga
– Agência Brasil.
Carlos Magno
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