O pastor Edy de Jesus, preso nesta quarta-feira (16) por
suspeita de torturar dependentes químicos em um abrigo no Cabo de Santo
Agostinho, no Grande Recife, engravidou uma adolescente de 17 anos de idade, de
acordo com a Polícia Civil. (Veja vídeo acima)
Vítimas dos maus-tratos também denunciaram que o pastor
estuprou uma menor de idade, segundo a delegada Natasha Dolci, titular da
delegacia do município e responsável pela investigação do caso.
"Sabemos que uma menina de 17 anos está gravida dele,
com quatro meses de gestação. Segundo ele, a relação seria consensual. Ele diz
que conhece a família dela há 20 anos e que ela tinha um namorado, mas eles
acabaram se relacionando e ela engravidou. Achamos estranho porque as outras
vítimas disseram que ele a tratava como uma filha e, ainda assim, a
engravidou", disse a delegada.

Na terça-feira (15), doze pessoas prestaram depoimento,
sendo nove mulheres e três crianças, que relataram as agressões ocorridas no
Centro Pentecostal Jovem Resgate, em Engenho Novo, na área rural do Cabo.
Segundo a Polícia Civil, o local estava aberto há quatro anos, mas não tinha
autorização para funcionar.
Em entrevista à TV Globo, uma das mulheres que estava no
abrigo afirmou que passou noites de terror no local e que o pastor batia nas
vítimas até o sangue escorrer. Segundo o pastor, cerca de 70 pessoas foram
atendidas por ele e aproximadamente 40 chegaram a morar no abrigo.
Edson Alberto Queiroz da Silva foi preso temporariamente e
foi encaminhado ao Centro de Triagem e Observação Criminológica (Cotel), em
Abreu e Lima, no Grande Recife. Ele responde pelos crimes de tortura e cárcere
privado, mas a polícia também investiga a denúncia de um estupro que teria sido
cometido pelo pastor.
"Existe uma suspeita de estupro. As mulheres e crianças
que estavam lá não falaram sobre violências sexuais sofridas por elas mesmas,
mas sim por uma outra menor que já esteve hospedada no local", afirma.
Segundo a polícia, as vítimas resgatadas estão sendo
assistidas pelo Conselho Tutelar do Cabo. Algumas voltaram para suas casas e
outras foram para outros abrigos.
Condições Insalubres
Segundo a Polícia Civil, o local onde funcionava o Centro
Pentecostal Jovem Resgate era insalubre e não tinha condições para ser um
abrigo. Num sítio com quatro casas, moravam apenas mulheres, além do pastor.
Vítimas disseram que ele as trancava num quarto com duas cobras. Nesta quarta
(16), o homem confessou ter os animais, mas negou as agressões.
"A casa onde as meninas ficavam não tinha maçaneta e
elas eram trancadas com um cadeado na porta e grades nas janelas. Ele diz que
somente ele trabalhava no abrigo. Num primeiro interrogatório, ele disse que as
cobras vinham do mato, mas encontramos um viveiro de vidro, que ele disse usar
para criar hamsters", afirmou a delegada.
O pastor negou, para a polícia, ter usado as cobras para
amedrontar as vítimas e disse que soltou os animais na segunda-feira (14),
antes da denúncia. Testemunhas dizem que a soltura ocorreu na terça-feira (15),
logo após o resgate das 12 pessoas que estavam no local.
"As vítimas iam para casa nos fins de semana. Uma mãe
notou a filha com marcas de algema e resolveu procurar o Conselho Tutelar. Foi
feito o resgate das vítimas e ele teve um dia para limpar o local, apagar
qualquer evidência e ainda colocar cinco pessoas que ele sabia que não falariam
nada contra ele numa casa no local", disse a delegada.
Segundo a Polícia Civil, também foi encontrado no abrigo
outro viveiro onde o pastor criava sapos e rãs.
Poder Judiciário
A delegada afirmou, ainda, que vítimas contaram que o pastor
usava portarias supostamente expedidas pela Justiça, que teria enviado as
crianças que moravam no local para se recuperarem do vício em drogas, para
ameaçar as menores de idade. O local, no entanto, não tinha licença para
funcionar.
"O próprio Conselho Tutelar disse que a Justiça enviava
crianças para lá. As vítimas disseram que ele usava essas portarias para
ameaçar as crianças. Diziam que 'não tem juiz ou policial' e que 'quem manda é
ele'. Apreendemos esses documentos, que precisam ser periciados, porque ele
pode ter forjado esses processos", disse.
Por meio de nota, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE)
informou que "encaminha crianças e adolescentes em situação de
vulnerabilidade a abrigos cadastrados pela Coordenadoria da Infância e
Juventude" e que, no caso do Cabo de Santo Agostinho, "os abrigos
cadastrados são a Instituição Acolhedora Recanto da Criança e Instituição
Acolhedora Recanto do Adolescente".
Quando não há vagas nessas instituições, no entanto, os
menores são enviados "para casas estaduais cadastradas. Nos casos de
jovens com dependência química, são enviados para os Centros de Acolhimento ao
Usuário de Drogas (CAUDs)".
O TJPE não informou, no entanto, se algum menor de idade já
foi enviado pela Justiça para o Centro Pentecostal Jovem Resgate. A reportagem
segue tentando obter essa informação – G1.
Carlos Magno
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