É apenas uma brincadeira inocente, correto?
Pode ser. Mas como as plataformas de redes sociais sempre
encontram uma maneira de lucrar com as modas virais, também pode não ser.
A moda se espalhou rapidamente e aparentemente de maneira
orgânica. Participaram desde usuários comuns do Facebook e do Instagram até
celebridades e contas oficiais de autoridades.
Nos últimos dias a hashtag acumulou mais de 3,5 milhões de
posts só no Instagram.
A moda provavelmente vai passar rápido, mas, uma vez
postadas, o que será feito com milhões e milhões de imagens com uma informação
tão específica (exatamente como a pessoa envelheceu)?
Em vários posts nas redes sociais algumas pessoas
demonstraram sua preocupação com as implicações de disponibilizar as fotos com
datas.
Uma delas é a especialista em estratégias digitais Kate
O'Neill. Em um artigo na revista de tecnologia Wired, ela imagina alguns
cenários sobre como as empresas de tecnologia estão se aproveitando da moda
(isso, diz ela, se não a tiverem criado).
As empresas de tecnologia têm investido muito na melhora de
seus sistemas de reconhecimento facial.
Segundo a explicação de Anil Jain, pesquisador de visão
computacional e biométrica na Universidade de Michigan, para atingir esse
objetivo, empresas como Facebook e Google se dedicam a rastrear a rede para
compilar grandes volumes de informação e alimentar a inteligência artificial
dos robôs (que precisam de modelos para ser basear).
Sob essa lógica, o 10YearsChallenge facilita muito essa
tarefa. "É só uma brincadeira", diz Jain à BBC. "Mas no processo
estamos fornecendo uma informação valiosa e etiquetada."
"É uma forma inteligente de coletar informação."
A grande questão: quem está fazendo essa coleta e para que
será usada essa informação?
Segundo O'Neill, o principal cenário é para fazer
publicidade dirigida. Se um sistema é capaz de reconhecer melhor um rosto, pode
oferecer produtos com base na idade e outras características físicas.
Outro, mais positivo, é o uso para encontrar crianças
desaparecidas há muito tempo – um sistema de reconhecimento facial que consiga
calcular melhor como as pessoas envelhecem é muito útil nesses casos.
Segundo a especialista em privacidade e tecnologia Ann
Cavoukian, da Universidade Ryerson, no Canadá, um sistema capaz de notar o quão
rápido um indivíduo envelheceu pode ser usado para aumentar o preço de um
seguro de vida ou de saúde, por exemplo.
Um caso polêmico aconteceu em 2016, quando a Amazon começou
a vender seus serviços de reconhecimento facial a agências governamentais dos
Estados Unidos.
A tecnologia pode ser usada para rastrear criminosos, mas
também para monitorar pessoas inocentes.
Preocupadas com essas questões, organizações civis e alguns
acionistas e funcionários da Amazon pediram para a empresa deixar de vender o
serviço.
Paranoia?
O Facebook afirmou, em nota, que o desafio dos 10 anos é um
"meme gerado por um usuário e que se tornou viral sozinho."
"O Facebook não começou essa tendência e não ganha nada
com esse meme", disse a empresa à BBC.
A empresa afirmou também que as pessoas podem desativar a
opção de reconhecimento facial a qualquer momento.
Cavoukian e Jain concordam que para um usuário comum é muito
complicado saber exatamente para que suas informações serão usadas.
"Se está preocupado com sua privacidade, não
participe", diz Jain.
Cavoukian também recomenda cautela. "Nosso rosto é uma
das fontes de informação mais valiosas para as tecnologias emergentes",
diz. "Eu insisto que as pessoas não devem participar (do desafio)."
"Se, depois de analisar as possíveis consequências,
decidir participar, participe! Mas primeiro pense nos efeitos que isso pode ter
no longo prazo." – G1.
Carlos Magno
VEJA TAMBÉM:
- Cheirar
pum pode prevenir câncer, AVC, ataque cardíaco, artrite e demência, diz estudo
de universidade do Reino Unido
-
Assassinato de moradores de rua em Campina Grande-PB gera comoção: radialista
faz artigo em homenagem a "Maria Suvacão"
- UEPB vai ganhar curso de
Medicina no campus de Campina Grande. Veja detalhes
-Cliente que passar mais de
20 minutos em fila de banco na Paraíba receberá indenização
-
Jovem forja a própria morte para saber "quais pessoas se importariam com
sua ausência" e vem a público pedir desculpas