O presidente Jair Bolsonaro assumiu como erro nesta terça-feira,
19, sua declaração de que a maior parte dos imigrantes que se mudam para os
Estados Unidos “tem más intenções”, feita em entrevista à emissora Fox News
exibida na noite anterior. Em entrevista a jornalistas brasileiros depois de
seu encontro com o presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca, ele
pediu desculpas.
“Boa parte (dos imigrantes) tem boas intenções. A menor
parte, não. Eu peço desculpas”, disse, ao ser questionado sobre o assunto. Foi
“um equívoco, um ato falho cometido na entrevista de ontem”, completou.
Em conversa com a jornalista Shannon Breen exibida na
segunda-feira na televisão americana, Bolsonaro defendeu a construção do muro
proposto por Trump na fronteira dos Estados Unidos com o México e disse que “a
maioria dos imigrantes não tem boas intenções”.
O presidente do Brasil falou à imprensa depois de sua
reunião na Casa Branca e de uma visita ao Cemitério de Arlington, em
Washington, onde estão sepultados muitos dos veteranos de guerra. O brasileiro
agora participa de um encontro com lideranças religiosas na Blair House,
residência para hóspedes do governo americano.
Bolsonaro também comentou sobre algumas das principais
questões discutidas com Donald Trump em sua reunião privada. O presidente negou
que o Brasil esteja oferecendo muito aos Estados Unidos e recebendo pouco em
troca, com concessões unilaterais, como a isenção de visto para turistas .
“Alguém tem que estender o braço primeiro e quem estendeu as mãos em primeiro
lugar fomos nós”, disse.
O líder brasileiro defendeu o acordo assinado entre os dois
governos ontem para que Washington use comercialmente a base de lançamentos de
foguetes de Alcântara, no Maranhão. Segundo ele, o local estava ocioso e que
poderá gerar ganhos para o Brasil.
Bolsonaro também argumentou a favor da decisão brasileira de
isentar turistas americanos de visto no Brasil, argumentando que a medida
poderá aumentar os ganhos do setor de turismo.
Economia
O presidente disse que não tratou em profundidade com Trump
sobre questões relacionadas à Organização Mundial do Comércio (OMC), após o
ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar que os Estados Unidos querem que o
Brasil deixe uma lista de beneficiados da OMC em troca do apoio americano à
entrada brasileira na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE).
Em entrevista ao lado de Bolsonaro após a reunião entre
ambos, o presidente americano disse que os Estados Unidos apoiam a entrada
brasileira na OCDE.
O presidente lembrou ainda que a China, que atualmente trava
uma guerra comercial com os Estados Unidos, é o principal parceiro comercial do
Brasil e disse que visitará o país asiático no segundo semestre deste ano.
Venezuela
Em sua coletiva de imprensa ao lado de Trump na Casa Branca,
Bolsonaro sinalizou com a possibilidade de o Brasil aderir a uma solução
militar dos Estados Unidos para a crise da Venezuela. O presidente americano
voltou a dizer que “todas as opções estão sobre a mesa”.
Após o encontro, contudo, o brasileiro afirmou que a diplomacia
“está em primeiro lugar” para o Brasil, evitando responder novamente de forma
concreta se discutiu com Trump a possibilidade de apoiar uma intervenção
militar no país sul-americano.
“O que ele conversou comigo reservadamente, me desculpem,
mas não poderei entrar em detalhes”, afirmou.
Otan
Sobre a possibilidade anunciada por Trump de os Estados
Unidos designarem o Brasil seu principal aliado fora da Organização do Tratado
do Atlântico Norte (Otan), Bolsonaro disse que “existe um aceno positivo de ambas
as partes” e garantiu que a questão será aprofundada “nas próximas semanas”.
“Temos a ganhar nas parceiras no tocante a material de
defesa e energia”, afirmou.
Na coletiva na Casa Branca, Donald Trump chegou, inclusive,
a sugerir a possibilidade de o Brasil integrar formalmente a Otan. A
organização militar foi formada por países da Europa e da América do Norte, com
origem na oposição ao socialismo liderado, na época, pela União Soviética, hoje
extinta – Veja.
Carlos Magno
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