O ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Edson Fachin
multou em R$ 176,5 mil a campanha de Fernando Haddad (PT) à Presidência por
impulsionamento irregular de conteúdo desfavorável ao então adversário Jair
Bolsonaro (PSL).
Segundo a decisão, assinada na última terça-feira (26),
documentos do Google comprovaram que a campanha de Haddad contratou a empresa,
por R$ 88,2 mil, para que o site intitulado “A Verdade sobre Bolsonaro”
aparecesse nos primeiros lugares na busca pela plataforma na internet.
O site veiculava trechos negativos de uma reportagem do
jornal The New York Times sobre o candidato do PSL.
Em sua decisão, Fachin considerou que o impulsionamento
contratado pela campanha petista feriu a lei eleitoral e causou desequilíbrio
na disputa. A multa estipulada se refere ao dobro do valor do contrato entre a
campanha de Fernando Haddad e o Google.
A defesa da campanha de Haddad sustentou que o conteúdo
dizia respeito apenas à “reprodução de matéria jornalística amplamente
divulgada, que se mostrou inapta a desequilibrar a disputa eleitoral”. Fachin,
no entanto, negou esse argumento.
“Ao contrário do que afirmam os representados, não se tratou
unicamente da reprodução de matéria jornalística amplamente divulgada, haja
vista que sequer a matéria foi reproduzida, mas de diversos destaques ora
atribuídos à citada matéria de jornal, ora de autoria do próprio site, contendo
críticas desfavoráveis e ofensivas ao candidato adversário”, escreveu o
ministro.
Fachin ressaltou que a legislação eleitoral vigente permitia
o impulsionamento na internet “apenas com o fim de promover ou beneficiar
candidatos ou suas agremiações”.
Quanto ao Google, o ministro negou punição por entender que
a empresa suspendeu o contrato depois que foi notificada pela Justiça Eleitoral.
Procurada pela reportagem, a defesa da campanha de Fernando Haddad afirmou que
vai recorrer, mas preferiu não comentar o mérito da decisão do ministro.
Em nota divulgada por sua assessoria, Haddad manifestou
“incredulidade e surpresa” pela decisão de Fachin. E afirmou que ele próprio
foi vítima de fake news ao longo da disputa eleitoral.
“Haddad foi vítima durante o processo eleitoral de uma
enxurrada de fake news. Foi caluniado e injuriado. Acusado dos maiores
absurdos. E, vítima, até, de falsificação de um de seus livros. Ser multado por
impulsionamento de notícias parece até irreal”, diz a nota do petista.
Por meio de rede social, Bolsonaro comemorou o resultado. “A
máxima da esquerda se repete: Acusam do que fazem, xingam do que são”.
Durante a campanha eleitoral, reportagem da Folha de S.Paulo
mostrou que empresários bancaram disparos de mensagens contra o PT no WhatsApp.
A prática é vedada pela legislação eleitoral e pode ser
enquadrada como doação ilegal de empresas. O caso é alvo de investigações
conduzidas pela Polícia Federal e junto ao Tribunal Superior Eleitoral –
Folhapress.
Carlos Magno
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