O presidente Jair Bolsonaro declarou nesta segunda-feira, 8,
que seu filho Carlos Bolsonaro e o trabalho dele nas redes sociais foram os
responsáveis por sua eleição ao Palácio do Planalto. A afirmação do presidente,
que é criticado pela influência recebida dos filhos, sobretudo de Carlos, foi
feita em uma entrevista à rádio Jovem Pan, quando questionado sobre o polêmico
vídeo que publicou no Twitter e mostrava um rapaz urinando sobre a cabeça de
outro em um bloco de carnaval.
Embora tuítes do “Zero Dois”, como Carlos é chamado pelo
pai, já tenham levado à demissão de um ministro – Gustavo Bebianno, ex-chefe da
Secretaria-Geral da Presidência da República – Jair Bolsonaro disse que o filho
nunca “atrapalhou em nada”. Para o presidente, o vereador carioca pelo PSC
deveria ocupar um ministério em seu governo, mas resiste à ideia.
“O Twitter, Facebook, Instagram, não me tomam mais de 30
minutos por dia. Quem realmente me ajuda nessa coordenação é o Carlos
Bolsonaro, por isso muita gente quer afastá-lo de mim. ‘Ah, o pitbull, tá
atrapalhando’. Atrapalhando o quê? No meu entender, não atrapalhou em nada. Eu
acho até que ele deveria ter cargo de ministro, ele me botou aqui, foi
realmente a mídia dele que me botou aqui. Ele não tá pleiteando um cargo de
ministro, poderia botá-lo, mas não está pleiteando isso aqui”.
Responsável pelas redes sociais e a estratégia da campanha
de Bolsonaro em 2018, Carlos Bolsonaro é o filho mais próximo do presidente e
atuou em Brasília no período da transição de governo. Seu nome passou a ser
cogitado para a Secretaria Especial de Comunicação, com status de ministério,
após declarações de Gustavo Bebianno, mas o próprio Carlos deu declarações
públicas de que não ocuparia cargo na gestão do pai. O vereador interpretou o
movimento de Bebianno como uma tentativa de “queimar” sua indicação.
“Já falei que não aceitarei Ministério ou Secretaria com
status de, mesmo que tal situação seja permitida por lei. Repito novamente e
novamente… Sigo meu trabalho sem problema algum no Rio. O resto das
especulações é desconhecimento ou mau caratismo mesmo. Fim da história!”,
escreveu no Facebook em novembro de 2018.
Mesmo com o mandato na Câmara do Rio de Janeiro, contudo,
Carlos Bolsonaro manteve influência sobre o pai, que chegou ao ápice durante a
crise que levou à demissão de Gustavo Bebianno. Enquanto o presidente estava
internado para se recuperar da cirurgia de retirada da bolsa de colostomia, em
fevereiro, Bebianno declarou que havia conversado com Bolsonaro três vezes em
meio à crise provocada pelas candidaturas laranjas do PSL. Carlos escreveu no
Twitter que era mentira e publicou um áudio em que o presidente desmentia o
ex-ministro.
Depois da demissão, VEJA revelou áudios trocados entre
Bebianno e o presidente nos quais ficava claro que ele havia conversado com
Bolsonaro durante a internação dele em São Paulo.
Em entrevista após ser demitido, Gustavo Bebianno declarou
que o vereador carioca havia feito “macumba psicológica” em Bolsonaro e “tem um
nível de agressividade acima do normal”. “Eu fui demitido pelo Carlos
Bolsonaro, simples assim, na verdade não era nem para ter assumido”, disse
Bebianno à época – Veja.
Carlos Magno
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