Vítima de um dos seis roubos seguidos de estupro
investigados em Pitangueiras (SP), uma mulher, que prefere não ser
identificada, relata os momentos de medo e horror durante o ataque. Violentada
dentro do próprio quarto, ela afirma que a frieza do agressor foi tão grande
que ele não se incomodou nem mesmo com o bebê que ela segurava no colo.
“Eu tentei ir para o fundo do quarto. Me encostei na parede,
agarrei meu filho, me encolhi toda no cantinho, mas ele me puxou pelas pernas e
começou a fazer o ato. Eu estava com meu filho no colo”, diz a vítima.
As declarações repetidas em depoimento impressionaram até
mesmo os policiais. Segundo o delegado Cláudio Messias Alves, a Polícia Civil
acredita que os crimes tenham sido cometidos em série, uma vez que os relatos
das vítimas sobre o modo de agir e as características físicas do suspeito são
as mesmas.
De acordo com o delegado, as informações das mulheres
atacadas levam ao perfil de um homem branco, com 1,60 metro de altura, pernas
tortas, barriga saliente, e sem tatuagens.
No início de abril, os investigadores conseguiram um vídeo
de câmeras de segurança que mostra um suspeito de furto. As imagens foram
exibidas às vítimas do estuprador e elas acreditam que seja o mesmo homem.
Violência
A mulher afirma que foi surpreendida pelo suspeito já dentro
do quarto dela. Ela lembra que o homem anunciou um assalto, exigiu dinheiro e
andava de um lado para o outro, muito nervoso.
A vítima diz que ele fez menção de ir embora, mas desistiu,
voltou ao quarto e foi para cima dela, com a intenção de estuprá-la. Com medo
de que o filho de 1 ano pudesse ser ferido ou levado, a mulher se agarrou a
criança nos braços.
“Eu fui violentamente estuprada, segurando o meu bebê. Meu
bebê chorava o tempo todo. Eu fiquei muito nervosa e fiquei com muito medo dele
arrancar o meu filho de mim. Eu acho que eu nem pensei em mim. Em momento algum
eu revidei. Eu deixei acontecer porque o meu maior medo era ele fazer alguma
coisa com meu filho.”
Após praticar a violência sexual, o homem foi embora. Meses
após o crime, para ela, ainda é doloroso falar sobre o assunto.
“Parece que não é nem a dor física que fica, é a dor muito
grande na alma. Agora eu tenho medo de estar em casa durante o dia, eu saio na
rua e parece que eu estou sendo seguida.”
Medo de morrer
Também violentada, outra mulher, que não quer se
identificar, diz que sentiu medo de morrer ao ser atacada. Armado com uma faca,
o homem invadiu a casa dela, foi direto ao quarto e exigiu dinheiro.
Como não tinha nenhum valor, ela passou a ser agredida e
viveu momentos de terror durante uma hora e meia.
“Ele pegou uma faca na minha cozinha também. Eu achei que
seria morta. Ele fez ameaça de ir embora umas oito vezes. Na última vez, ele
voltou e começou a me alisar. Eu falei ‘moço, pelo amor de Deus, não faz isso
comigo’. Ele me bateu bastante e não teve jeito”, afirma a vítima.
Traumatizada, ela deixou a casa onde vivia. “Hoje, eu estou
vivendo uma vida que não é minha mais. Estou morando na minha mãe, estou com
medo, eu não saio. Eu só trabalho. A minha vida praticamente acabou.”
Com as imagens do vídeo obtido pela polícia, a mulher tem
esperanças de que o suspeito seja encontrado.
“Eu peço às pessoas que têm alguma informação, que nos
ajude. Não só a mim, mas todas as outras mulheres da nossa cidade. Ele acabou
com a minha vida. Se ele for pego, com a graça de Deus ele será, vai ser uma
nova oportunidade de refazer a minha vida.”
Investigação
As imagens de câmeras de segurança que apontam para um
possível suspeito foram feitas durante um furto a uma casa. Armado com uma
faca, o ladrão pulou o muro do imóvel e furtou R$ 2 mil. A dona dormia no
quarto, mas não foi atacada.
Segundo o delegado, as características apontadas pelas
vítimas do estuprador coincidem com as do homem que aparecem no vídeo.
Outro fato que chama a atenção da polícia é a faca que ele
carrega. Em depoimento, uma das mulheres disse que um objeto igual foi roubado
da cozinha dela durante o crime.
De acordo com o delegado, quem tiver informações que possam
ajudar a polícia a identificar o suspeito, pode fazer denúncias pelos telefones
197, 181 e 190 – G1.
Carlos Magno
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