O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal,
disse nesta quarta-feira, 24, ter dúvida 'seríssima' sobre os crimes pelos
quais foi condenado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do
triplex do Guarujá.
Na última terça-feira, 23, a Quinta Turma do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a condenação de Lula no caso, mas reduziu
sua pena para 8 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão.
A redução pode abrir caminho para o ex-presidente migrar no
final do ano ao regime semiaberto - desde abril do ano passado, o petista está
preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
"Eu tenho uma dúvida seríssima quanto aos dois crimes.
Aí está em discussão. Houve apenas a corrupção ou houve corrupção e lavagem",
disse Marco Aurélio nesta quarta-feira, 24, ao conversar com jornalistas.
No julgamento do STJ, os ministros da Quinta Turma
rejeitaram as teses da defesa de Lula, entre elas a de que o petista teria sido
condenado duas vezes pelos mesmos fatos.
"O que eu falo, eu tenho dúvidas, não estou me
manifestando porque eu nem vou julgar o caso, dúvidas quanto aos dois tipos, a
corrupção e a lavagem. Teria havido um procedimento do presidente visando dar
ao que ele 'recebeu' via corrupção a aparência de algo legítimo? A lavagem
pressupõe (isso)", comentou Marco Aurélio.
O ministro reconheceu que 'fatalmente' um recurso do petista
contra a condenação no STJ chegará ao Supremo, mas disse que acompanhará o
julgamento da 'arquibancada'.
Cabe à Segunda Turma do STF julgar casos relacionados à
Operação Lava Jato - o ministro integra a Primeira Turma.
"Virá pra cá fatalmente, não virá para a 1.ª Turma e eu
estarei assistindo o julgamento da arquibancada, como eu fazia com o Flamengo
quando morava no Rio", comentou.
Gilmar
Em Portugal para workshop do VII Fórum Jurídico de Lisboa, o
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendestambém se pronunciou
sobre a Operação Lava Jato e o julgamento realizado nesta terça-feira, 23. Na
avaliação de Gilmar, o 'STJ agiu como um tribunal deve agir' e passou um
'recado claro às instâncias inferiores para moderarem seus discursos'.
O ministro disse ainda que a Lava Jato se tornou um partido
político e, também em referência à operação, afirmou que houve muitos abusos no
Judiciário, com a alegação de se buscar a diminuição da criminalidade.
Regime
A Lei de Execução Penal prevê a transferência do preso para
regime menos rigoroso quando tiver cumprido ao menos um sexto da pena e
apresentar bom comportamento.
Lula, no entanto, é investigado em outros sete processos -
entre eles, o do sítio de Atibaia, em que foi condenado a 12 anos e 11 meses
pela juíza Gabriela Hardt em janeiro deste ano.
O TRF-4 ainda não julgou esse caso, que pode afetar uma
eventual mudança de regime do ex-presidente.
Além disso, a possibilidade de prisão após condenação em
segunda instância é alvo de três ações, cujos méritos ainda não foram
discutidos pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo o Estado apurou, a tendência é que o presidente do
STF, ministro Dias Toffoli, não paute o tema no segundo semestre deste ano –
Estadão.
Carlos Magno
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