O suspeito de ter estuprado e assassinado a menina Kauani
Cristhiny Rodrigues, de seis anos, ao tirá-la de sua casa enquanto dormia em
Mongaguá, no litoral de São Paulo, revelou à polícia, nesta quarta-feira (24),
que decidiu matar a menina após a mãe dela ter lhe negado um prato de comida.
Em depoimento anterior, o homem disse que havia agido por vingança, mas sem
especificar o que realmente havia acontecido. Ainda segundo a polícia, o
assassino frequentou a casa da criança e conviveu com a família enquanto ela dada
como desaparecida.
Em entrevista ao G1, o delegado Francisco Wenceslau, do 2º
Distrito Policial de Mongaguá, afirmou que o homem deu respostas desconexas no
interrogatório. Rodrigo sustentou a versão de que todos estavam em uma festa
consumindo drogas quando começaram a brigar. "Ele disse que ela [mãe da
menina] não quis dar comida nem droga para ele. Foi uma conversa meio sem pé
nem cabeça entre os dois", afirma o delegado.
Segundo Wenceslau, responsável pelo inquérito policial do
caso, a hipótese de crime sexual será confirmada, definitivamente, após novos
exames. Para ele, o homem confessou ter realmente matado a menina mas, por
outro lado, negou que tenha a agredido sexualmente. A família, por sua vez,
nega qualquer tipo de desentendimento.
"Pode ter havido discussão ou não. Só que quando ele
fala que foi por vingança, ele afasta a ideia do crime sexual. Ele conduz os
investigadores para sair do foco do crime sexual. A discussão e o uso da droga
não levam a matar ninguém. Tem alguma coisa estranha aí. Essa é a linha que
estamos trabalhando", diz.
Para o delegado, não há dúvidas de que houve homicídio e as
imagens das câmeras de monitoramento documentam o que ele afirmou durante o
interrogatório. "Se ele não tivesse matado, ela teria saído ou pedido socorro
porque o local não é muito alto. O conjunto indica que houve homicídio",
finaliza.
Tia desconfiou
Segundo a dona de casa Sheila Aparecida Lira Soares, tia da
garota, não houve festa. Ela e a irmã, mãe de Kauani, estavam reunidas com
alguns amigos, ouvindo música. Horas depois, quando Kauani desapareceu, ela
logo desconfiou de Rodrigo e foi procurá-lo. Imagens de câmeras de
monitoramento mostram o momento em que ela agride o homem, na tentativa de que
ele dissesse o que ocorreu.
“Ele é um monstro. Porque na hora que a gente sentiu falta
dela eu fui diretamente nele procurá-lo. Eu tinha visto ele no portão um pouco
antes de ela sumir. E ele estava dormindo tranquilamente. Eu cheguei até a
bater nele, perguntando ‘cadê a Kauani, cadê a Kauani?’. E ele falava que não
sabia", diz.
A Polícia Militar chegou ao local e ele chegou a ser levado
à delegacia, mas foi liberado em seguida porque naquele momento não havia
indícios de que ele poderia ser o autor do crime, segundo a polícia.
Ela conta que ele continuou frequentando a casa da família
após ser liberado. "Ele foi para a delegacia e prestou depoimento, porque
eu estava desconfiada dele desde o inicio. Ele foi liberado e passou a semana
inteira aqui. A semana inteira olhando para a gente. Ele chegou a falar para
mim: "Eu te perdoo porque você bateu em mim".
Resultado IML
De acordo com o delegado, os resultados dos primeiros exames
do Instituto Médico Legal (IML) são inconclusivos, mas foram detectadas lesões
na genitália que podem ser compatíveis com violência sexual. Mas ainda não é
possível afirmar se houve ou não estupro devido ao avançado estado de
decomposição do corpo.
Além disso, o fato de a jovem ter sido encontrada no córrego
sem a roupa íntima dificulta a detecção de elementos que confirmem o estupro.
"Apesar de ter lesões que podem dizer que houve abuso, também há uma
duvida. Vamos tentar sanar com os exames complementares. A polícia trabalha com
indícios, mas a confirmação científica ainda não é possível", diz.
De acordo com o delegado, os resultados dos primeiros exames
do Instituto Médico Legal (IML) são inconclusivos, mas foram detectadas lesões
na genitália que podem ser compatíveis com violência sexual. A questão é que
não é possível afirmar se houve ou não estupro.
Os exames também detectaram uma pequena lesão na traqueia, o
que é compatível com o discurso de que houve esganadura, além da presença de
água no pulmão - o que pode indicar que ela tenha aspirado a água do córrego.
Segundo o delegado, o médico legista irá analisar se há
existência de algas na água encontrada. Isso permitirá identificar o período em
que ela esteve submersa e se ela aspirou quando estava viva ou não.
O caso
Kauani desapareceu enquanto dormia na madrugada de
quarta-feira (17). Por volta das 2h, a mãe notou que a filha não estava no
quarto e que a porta da frente da casa estava aberta. A residência fica na
Avenida Governador Mário Covas Júnior, no Parque Marinho, nas proximidades da
plataforma de pesca do município.
Desde então, os familiares, que acreditavam que Kauani havia
sido sequestrada, acionaram a Polícia Militar, e registraram boletim de
ocorrência de desaparecimento no 2º DP da cidade. Conhecidos e voluntários
fizeram buscas pela menina, e espalharam cartazes pela cidade.
Na segunda, cães farejadores das Guardas Civis Municipais de
Itu e Itupeva, no interior paulista, auxiliaram nos trabalhos até o corpo da
menina ser localizado, no fim da tarde. Parcialmente vestida, ela estava caída
em uma vala, na avenida Sorocabana. O local fica cerca de 10 quadras de
distância da casa onde ela vivia, com a mãe e o irmão – G1.
Carlos Magno
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