Pelo menos três empresas que figuravam entre as
patrocinadoras de um evento Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos que vai
homenagear o presidente Jair Bolsonaro como "Pessoa do Ano” retiraram seus
apoios. A cerimônia de entrega está prevista para ocorrer em 14 de maio, em
Nova York.
A informação foi divulgada nesta terça-feira (30) pela rede
americana CNBC e marca mais um revés para o evento, que tem sido cercado por
polêmicas desde que Bolsonaro foi anunciado como homenageado.
Segundo a CNBC, entre os patrocinadores que desistiram de
associar ao evento estão a companhia aérea Delta, a consultoria Bain &
Company e o jornal Financial Times.
A Delta e o Financial Times não comentaram os motivos da
decisão. Já a consultoria de gestão Bain & Company se limitou a informar
que continua a apoiar a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, mas preferiu
não patrocinar a cerimônia.
Pressão de ativistas
De acordo com a CNBC, os patrocinadores do evento têm
sofrido pressão de ativistas por causa do longo histórico de declarações
homofóbicas e misóginas de Bolsonaro.
Desde 1970, a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos
escolhe todos os anos duas personalidades para homenagear, uma americana e
outra brasileira. A cerimônia de premiação ocorre durante um jantar de gala com
a presença de cerca de mil convidados, com entradas a preço individual de 30
mil dólares.
Antes da saída dos patrocinadores, o evento já havia sofrido
pelo menos dois reveses. Inicialmente, a cerimônia estava prevista para ocorrer
em um espaço de eventos do Museu de História Natural de Nova York (AMNH).
Após pressão de ativistas e funcionários da instituição, que
argumentaram que a homenagem seria "uma mancha na reputação do
museu", a direção da instituição decidiu revogar o aluguel do espaço.
Neste caso também pesou a postura de Bolsonaro em relação à preservação do
meio-ambiente.
Antes de tomar a decisão final sobre o cancelamento, o museu
chegou a afirmar em comunicado que havia alugado suas instalações "antes
que o homenageado fosse conhecido".
Depois disso, o restaurante Cipriani Hall, em Wall Street,
recusou a sediar o evento diante da pressão de críticos do presidente, entre
eles o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, que chamou Bolsonaro de "um
ser humano muito perigoso”.
Por fim, os organizadores conseguiram alugar um espaço em um
hotel da rede Marriott na Times Square. Mas, de acordo com a CNBC, a rede
hoteleira também vem sendo alvo da pressão de ativistas e críticos do
presidente.
Em uma carta enviada à direção da rede Marriott, o senador
estadual democrata de Nova York Brad Hoylman, pediu que a empresa
reconsiderasse o aluguel do espaço alegando que Bolsonaro é um "homofóbico
perigoso e violento, que não merece uma plataforma pública de reconhecimento em
nossa cidade”. "O único prêmio que Bolsonaro merece é o de ‘intolerante do
ano'”, disse.
Em resposta à pressão, um porta-voz da rede afirmou que é
"obrigada por lei a aceitar a transação mesmo quando isso entrar em
conflito com nossos valores”. A rede é parte da Câmara Nacional de Comércio de
Gays e Lésbicas dos EUA e patrocina o Centro Nacional para Direitos Lésbicos e
seus executivos são conhecidos por defenderem publicamente causas LGBT.
Entre os patrocinadores que ainda mantêm apoio ao evento
estão os bancos HSBC, Citigroup, JPMorgan, UBS, Bank of New York Mellon,
Santander, BNP Paribas e a operadora de planos de saúde UnitedHealth.
Ano passado, os ganhadores da honraria oferecida pela Câmara
de Comércio Brasil-Estados Unidos, foram o ex-juiz e atual ministro da Justiça
e Segurança Pública, Sergio Moro, e o ex-prefeito de Nova York Michael
Bloomberg – G1.
Carlos Magno
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