A Justiça do Rio de Janeiro autorizou a quebra dos sigilos
bancário e fiscal do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente
Jair Bolsonaro. O sigilo do ex-policial militar Fabrício Queiroz, que foi
assessor e motorista de Flávio, também será quebrado.
A informação foi antecipada pelo jornal O Globo na tarde
desta segunda-feira (13). O Ministério Público fluminense solicitou a quebra –
autorizada em 24 de abril de 2019.
Família dos dois será
investigada
Também terão suas informações bancárias vasculhadas a esposa
de Flávio, Fernanda Bolsonaro; uma empresa deles, Bolsotini Chocolates e Café
Ltda; as duas filhas de Queiroz, Nathalia e Evelyn; e a esposa do ex-assessor,
Marcia.
Outros 88 ex-funcionários do gabinete, seus parentes e
empresas relacionadas a eles também terão as informações bancárias desse
período checadas.
Entre os investigados estão Danielle Nóbrega e Raimunda
Magalhães, irmã e mãe do ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega.
O Ministério Público do Rio aponta Adriano como o
homem-forte do escritório do crime, organização de milicianos suspeita de
envolvimento no assassinato de Marielle Franco.
O ex-policial, hoje foragido, é acusado há mais de uma
década de envolvimento em homicídios. Adriano da Nóbrega já foi homenageado por
Flávio na Assembleia Legislativa do Rio.
A decisão da quebra dos sigilos é do juiz Flávio Nicolau.
Segundo o jornal, o juiz afirmou que a medida é "importante para a
instrução do procedimento criminal" instaurado contra os investigados.
A ordem judicial inclui os sigilos de três empresários de
origem americana. Dois moram nos Estados Unidos. Glenn Howard Dillard, Paul
Daniel Maitino e Charles Anthony Eldering são donos de duas empresas ligadas ao
ramo imobiliário.
A Linear Enterprises, com sede no Andaraí, Zona Norte do
Rio, e a Realest, que fica no Centro do Rio. A Justiça também determinou a
quebra dos dados bancários da MCA Participações e seus sócios. A empresa fez
transações imobiliárias relâmpago com Flávio.
O que dizem o
senador, defesa de Fabrício e MPRJ
Em nota, a defesa de Fabrico Queiroz afirmou que "ele e
família recebem a notícia com tranquilidade, uma vez que seu sigilo bancário já
havia sido quebrado e exposto por todos os meios de comunicação, sendo,
portanto, mera tentativa de dar aparência de legalidade a um ato que foi
praticado de forma ilegal", afirmou Paulo Klein.
O senador Flávio Bolsonaro divulgou uma nota no início da
noite em que afirma que a quebra já tinha ocorrido.
"O meu sigilo bancário já havia sido quebrado
ilegalmente pelo MP/RJ, sem autorização judicial. Tanto é que informações
detalhadas e sigilosas de minha conta bancária, com identificação de
beneficiários de pagamentos, valores e até horas e minutos de depósitos, já
foram expostas em rede nacional após o Chefe do MP/RJ, pessoalmente, vazar tais
dados sigilosos".
No documento, ele diz que o anúncio da quebra divulgado
nesta segunda- feira (13) é uma manobra do MP.
"Somente agora, em maio de 2019 - quase um ano e meio
depois - tentam uma manobra para esquentar informações ilícitas, que já possuem
há vários meses".
Flávio Bolsonaro diz que a intenção é atingir o governo do
pai.
"A verdade prevalecerá, pois nada fiz de errado e não
conseguirão me usar para atingir o governo de Jair Bolsonaro."
Mais cedo, o Ministério Público do Rio de Janeiro divulgou
uma nota sobre uma entrevista que o senador deu no domingo para o Jornal o
Estado de S.Paulo em que Flávio Bolsonaro faz acusações sobre atuação do MPRJ
no caso Coaf.
Na nota, o MP afirma que "repudia com veemência as
declarações de Flavio Bolsonaro, proferidas em entrevista divulgada pelos meios
de comunicação social, no dia 12/05/2019. O MPRJ reafirma que sua atuação é
isenta e apartidária, pautada nas normas e princípios constitucionais, nos
tratados internacionais de regência, na legislação vigente, nas resoluções e
recomendações do Conselho Nacional do Ministério Público e na jurisprudência
dos tribunais superiores.
A infundada representação em face do Procurador-Geral de
Justiça, imputando a divulgação de informações sigilosas, foi sumariamente
arquivada pela Corregedoria Nacional do Ministério Público".
Caso Fabrício Queiroz
Investigações envolvendo um relatório do Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou operações bancárias suspeitas
de 74 servidores e ex-servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
(Alerj).
O documento revelou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na
conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, entre
janeiro de 2016 e janeiro de 2017, incluindo depósitos e saques.
Ex-assessor e ex-motorista de Flávio Bolsonaro movimentou em
uma conta o total de R$ 1.236.838 entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro
de 2017. Durante esse período, Queiroz, de acordo com apontamentos do Conselho
de Atividades Financeiras (Coaf), fez saques em espécie no total de R$ 324.774,
e teve R$ 41.930 em cheques compensados.
Na época, um dos favorecidos foi a ex-secretária
parlamentar, atual mulher do presidente eleito, Jair Bolsonaro, Michele de
Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, que recebeu cheque no valor de R$ 24 mil.
O presidente eleito Jair Bolsonaro negou qualquer
irregularidade nos depósitos realizados na conta da mulher dele, Michele de
Paula Bolsonaro, por Fabrício José Carlos de Queiroz – G1.
Carlos Magno
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