O site oficial de notícias do Vaticano anunciou nesta terça,
14 de maio, que a baiana Irmã Dulce será declarada santa após o reconhecimento
oficial da Igreja Católica de um segundo "milagre" intercedido pela
baiana, que morreu em 1992 aos 77 anos.
Ela será a segunda brasileira canonizada pelo Vaticano - e a
primeira nascida em território nacional. Santa Paulina, que é considerada a
primeira santa brasileira, nasceu na Itália.
Nascida Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, Irmã Dulce
já tinha sido declarada beata pelo papa Bento 16 em 2011 após a Igreja
reconhecer um milagre que teria sido intermediado por ela em Sergipe.
Para ser canonizado, um beato ou beata teriam de ter
reconhecido um segundo milagre pelo Vaticano. Para isso, são necessárias algumas
condições, como a falta de explicação científica para o fato e seu
acontecimento imediatamente após a oração.
O Vaticano analisava três graças que fiéis dizem ter sido
concedidas por intercessão da irmã Dulce, mas não divulgou ainda qual deles foi
reconhecido como milagre.
No anúncio a Santa Sé afirma que Dulce é "recordada por
sua obras de caridade e de assistência aos pobres e necessitados" e
conhecida como "o anjo bom da Bahia".
A vida de Irmã Dulce
Aos 19 anos, Maria Rita se tornou freira, assumindo o nome
irmã Dulce em homenagem à mãe, Dulce, que havia perdido aos 7 anos de idade.
Seu pai, Augusto Lopes Pontes, era dentista e professor universitário em
Salvador.
Irmã Dulce começou a acolher pessoas necessitadas em sua
casa aos 13 anos, antes mesmo de se tornar freira. Sua casa, no bairro de
Nazaré, se transformou num centro de atendimento para doentes e pessoas em
situação de rua - e ficou conhecida como "A Portaria de São
Francisco".
Segundo a Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), ONG criada pela freira
em 1959, irmã Dulce se formou professora em 1933, mesmo ano em que entrou para
a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na
cidade de São Cristóvão, em Sergipe.
Após assumir o hábito, ela recebeu a tarefa de dar aulas em
um colégio religioso em Salvador, para onde voltou. Mas seu interesse estava
mesmo em trabalhar com os pobres, segundo a OSID.
Em 1935, ela começou a dar assistência à comunidade de
Alagados, onde havia casas pobres de palafitas, e atender aos operários do
bairro de Itapagipe, na capital baiana.
Em 1937, ela fundou o Círculo Operário da Bahia, junto com o
frei Hildebrando Kruthaup, e, alguns anos depois, inaugurou uma escola pública
voltada para operários e seus filhos.
Um de seus momentos mais lembrados é quando ela usou o
galinheiro do convento em que vivia, o Convento Santo Antônio, para abrigar 70
doentes e, anos depois, acabou transformando o local em um hospital. Ela também
atendia presos em prisões conhecidas por suas condições desumanas e criou um
serviço de alimentar barato nos anos 1950.
Nas décadas seguintes trabalhou para promover a implantação
de um centro educacional, um albergue, um pavilhão para deficientes no
hospital, entre outros projetos.
Conhecida por seu trabalho de caridade, foi apresentada ao
papa João Paulo 2º na sua visita ao Brasil em 1980.
Irmã Dulce passou boa parte de seus últimos anos internada
com problemas respiratórios, e recebeu uma segunda visita do papa alguns meses
antes de morrer, em março de 1992.
A OSID, que criou na década de 1950, é hoje um grande
complexo de saúde com atendimento gratuito e recebe cerca de 3,5 milhões de
pacientes por ano pelo SUS (Sistema Único de Saúde) – BBC News.
Carlos Magno
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