A delegada Paula Meotti afirmou que imagens da câmera de
segurança da UTI de um hospital em Goiânia mostram que uma paciente tenta
reagir aos abusos do técnico em enfermagem Ildson Custódio Bastos, de 41 anos.
A jovem morreu dias depois, mas não há confirmação se a morte tem ligação com o
estupro. Já o suspeito foi preso nesta quarta-feira (29) e a defesa disse que o
homem alega inocência.
O abuso aconteceu na madrugada do dia 17, horas depois de
ela ser internada devido a crises convulsivas. O suspeito era o único
funcionário na UTI no momento e, segundo a delegada, fechou a cortina do leito
onde a jovem estava.
“Ele claramente toca as partes íntimas dela com a mão
direita sob o lençol. Ele não estava fazendo nenhum procedimento de enfermagem,
porque estava o tempo todo usando só uma mão”, disse a delegada.
Meotti contou ainda que a vítima estava entubada e com as
mãos amarradas na UTI devido ao quadro de saúde dela. “O abuso durou cerca de
1h, ela alterava alguns momentos de consciência e, em um momento, ela se mexe,
se debate, tentando escapar”, completou.
Ainda de acordo com a delegada, o estupro foi descoberto
quando a vítima pediu ajuda a uma enfermeira e disse que o técnico que trabalha
no turno da noite tinha tocado em suas genitálias e seus seios.
A enfermeira achou que a paciente pudesse estar tendo um
quadro de delírio, mas, mesmo assim, denunciou o caso à direção, que solicitou
imagens da câmera de segurança. A delegada disse que o suspeito não se opôs à
verificação das imagens, o que chamou a atenção.
“Ele falou com tanta certeza que podia olhar, que levantou a
suspeita que talvez possam ter ocorrido outros abusos que não foram
registrados”, disse a delegada.
Durante o depoimento, o técnico de enfermagem ficou em
silêncio. Ele vai responder por estupro de vulnerável.
O advogado do técnico de enfermagem, Leonardo Silva Araújo
disse que o cliente se declarou inocente e que não se apresentou antes porque
temia pela vida.
“Começaram a divulgar a foto dele e tinha um áudio em grupos
de mensagem pedindo ajuda para achá-lo. Ele, então, se escondeu e decidiu se
apresentar hoje até por questão de segurança”, disse.
O defensor disse ainda que espera ter acesso às imagens da
câmera de segurança para se inteirar melhor do caso e dar mais declarações.
A delegada ainda vai ouvir testemunhas do caso para concluir
o inquérito. “A causa da morte ainda não está totalmente esclarecida, mas a
gente acredita que o abuso não tenha causa direta com a morte. Mas não sabemos
até que ponto, esse abalo emocional pode ter influenciado ou piorado o estado
de saúde dela”, completou a delegada.
O Hospital Goiânia Leste informou que, ao receber a denúncia
de abuso de uma paciente de 21 anos por uma técnica de enfermagem, “tomou as
primeiras medidas” e que o “técnico de enfermagem acusado pela paciente foi
imediatamente suspenso e afastado da sua função”.
Também de acordo com a unidade de saúde, foi registrado um
boletim de ocorrência pelos responsáveis da UTI, no último dia 21 de maio.
Nessa mesma data, o funcionário “foi demitido por justa causa”.
A nota informou ainda que "a causa da morte da paciente,
em 26/05/2019, não possui qualquer relação com os tristes fatos ocorridos"
(leia abaixo nota na íntegra).
Nota do Hospital
Goiânia Leste:
"No dia 17 de
maio de 2019, os responsáveis pela UTI do Hospital Goiânia Leste receberam a
denúncia de abuso sexual da paciente de 21 anos por meio de uma das técnicas de
enfermagem da equipe. No mesmo momento, a direção tomou as primeiras medidas
com o objetivo de proteger a paciente e investigar o ocorrido.
O técnico de
enfermagem acusado pela paciente foi imediatamente suspenso e afastado da sua
função. Um boletim de ocorrência com a denúncia foi registrado pelos
responsáveis da UTI na Delegacia da Mulher, no dia 21/05/2019 e o funcionário
foi demitido por justa causa nesse mesmo no dia. Posteriormente, também por
iniciativa da empresa de UTI, o vídeo que mostra o suposto assédio do
ex-funcionário, consistente num possível toque nas partes íntimas da paciente,
também foi entregue à delegada responsável pelo caso. Cada um dos 20 leitos
geridos pela UTI possui câmera individualizada, que funciona e grava toda a
movimentação da UTI, 24 horas por dia. Ao ex-funcionário foi dada a
oportunidade de ver as imagens, o que foi recusado por ele.
Além de ter tomado as
medidas necessárias sobre a denúncia, coube aos diretores da empresa de UTI
comunicar aos pais da paciente sobre o fato e sobre as medidas já tomadas.
Esclarece, por fim, que a causa da morte da paciente, em 26/05/2019, não possui
qualquer relação com os tristes fatos ocorridos. A empresa está à disposição das
autoridades para fornecer qualquer informação adicional que possa ajudar na
investigação da denúncia". – G1.
Carlos Magno
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